Dono de um estoque de traquinagens que parece inesgotável, o irrequieto Cabeça Oca nasceu das experiências de infância de seu criador.

As influências de Pimentinha e Calvin, dois dos mais famosos "pestinhas" dos quadrinhos, é notória nas aventuras do Cabeça Oca, até mesmo nos trejeitos do personagem.

Afinal, ele também aterroriza os pais com suas danações e provoca uma garota pela qual, no fundo, é apaixonado (a Baixinha, que nas tiras desta edição ainda se chamava Vânia). Além disso, vive se imaginando na pele de um destemido super-herói e tem um amigo inseparável, o igualmente travesso Pião.

A diferença é que as reinações do garoto e sua turma são tipicamente brasileiras, daquelas com as quais as crianças das regiões Centro-Oeste e Sul do País - onde as tiras diárias e as coletâneas especiais do personagem circulam e na quais ele e sua turma têm um público cativo de fãs - se identificam de imediato e que provocam boas recordações nos adultos.

Os desenhos de Christie Queiroz, apesar de um pouco duros e com alguns deslizes de proporção, são simpáticos e visualmente atrativos para a criançada, garantindo o humor.

Tudo isso está nesta edição de estreia da coleção que, passados quase dez anos, já chegou ao 14º volume - alguns deles prefaciados por Ziraldo e Mauricio de Sousa - e gerou outra série, protagonizada pela pequena Mariana, irmã caçula do Cabeça Oca.

Elétrico, neurótico e sem juízo, com seu belo acabamento gráfico - em formato talão de cheque (e mais do que o dobro da altura), capa com detalhes em verniz e miolo em papel especial -, é um dos melhores volumes da coleção e iniciou bem esta série "goiana", que merece ser mais conhecida no restante do Brasil.