Common Grounds – Volume 1
Editora: Image Comics – Edição especial
Autores: Troy Hickman (roteiros), Dan Jurgens, Michael Avon Oeming, Ethan Van Sciver, Chris Bachalo, Carlos Pacheco, George Pérez, Angel Medina e Sam Kieth (desenhos), Al Vey, Jon Holdredge, Roland Paris e Norm Rapmund, Aaron Sowd e Tom Bar, Jesus Merino e Mike Perkins (arte-final) e Guy Major, Peter Pantazis, Brian Buccellato e Sonia Oback, Tom Smith, John Starr e Beth Sotelo (cores).
Preço: U$S 14,99
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Dezembro de 2004
Sinopse
Common Grounds é uma rede de cafeterias espalhadas pelos Estados Unidos, onde heróis e vilões fantasiados se reúnem para esquecer seus problemas e contar histórias.
Positivo/Negativo
Se os quadrinhos de super-heróis vivem de desconstruções e reconstruções ininterruptas, Common Grounds pode ser o elemento perdido entre a inocência e o cinismo inerentes ao gênero.
A criação máxima de Troy Hickman versa sobre uma rede de cafeterias frequentada por heróis e vilões superpoderosos, onde eles podem pendurar suas capas e conversar à vontade sobre o que lhes der na telha.
A ideia é simples, mas perfeitamente executada, e só leva ao questionamento de por que ninguém pensou nisso antes.
As histórias de Hickman, ilustradas por Dan Jurgens e um time de diversos e competentes artistas, são curtas e autocontidas, recheadas de sentimentos e com uma dose extra de humanidade impressionantes.
Nem todas se passam propriamente dentro da Common Grounds, porém a cafeteria está sempre envolvida nas tramas, seja como patrocinadora de uma companhia para regeneração de supervilões, seja fornecendo lanches para festas de veteranos.
Destaque para o conto de dois inimigos mortais dividindo papel higiênico num sanitário. Nada mais improvável, ridículo e verdadeiro.
A série teve sua gênese numa revista em quadrinhos independente publicada em formatinho, com o título de Holey Crullers. Hickman então adaptou seus roteiros de forma literal para a interpretação de ilustradores convidados, ganhando nova casa no estúdio Top Cow, da Image Comics.
Do supervelocista que não pode aproveitar as delícias do sexo e se considera vítima de uma maldição aos dois filhos de um falecido criminoso superdotado, essas narrativas não buscam reinventar a roda, mas explorar o lado crível do tipo de história que constitui o coração e a alma dos gibis.
Há, inclusive, homenagens aos antigos cenários de monstros gigantes criados por Stan Lee e Jack Kirby, desafiando convenções. Mas Common Grounds não se prende a tributos a figuras conhecidas dos leitores, mas é fato que os mais versados na evolução da nona arte devem apreciar e entender mais cada referência.
Se Astro City, de Kurt Busiek, posiciona todo o gênero dos super-heróis numa cidade, Common Grounds o faz numa cafeteria.
A escalação do tarimbado Dan Jurgens como desenhista oficial foi um grande acerto. Ele é mais conhecido por seu trabalho à frente de personagens tradicionais, como Superman, Liga da Justiça e Gladiador Dourado, combinando perfeitamente com o clima de reverência e contestação dos textos de Hickman. Além dele, nomes como Chris Bachalo, Ethan Van Sciver e George Pérez contribuem com propriedade e desenvoltura nos desenhos do título, gerando uma saudável diversidade de estilos.
As histórias passeiam por recônditos inexplorados e distintos. Nada mais justo, portanto, que a arte trilhe o mesmo caminho. Sam Kieth, por exemplo, brilha ao mostrar uma heroína negra refletindo sobre as virtudes dos Estados Unidos da América, com desconfiança de um povo que deixou de acreditar. Não poderia variar mais em relação aos trabalhos pregressos do desenhista.
A edição encadernada da Image, reunindo as seis edições da minissérie mensal, é simples, mas traz alguns extras interessantes. Há uma linha do tempo identificando os fatos mais marcantes desse universo, além das capas originais e variantes por J. Scott Campbell e uma pin-up de George Pérez. Fechando o pacote, material inédito da Holey Crullers que acabou não adaptado ao novo formato.
Common Grounds conquistou elogios da crítica e uma base de fãs devotados, mesmo que permaneça pouco conhecido do grande público. Foi indicado ao Eisner Award de Melhor História Curta e Melhor Antologia, em 2005.
Explorando temas como obesidade e a busca por sonhos e ideais, revelou super-heróis que refletem o mundo real de cada um, mas ainda fantásticos e com o poder transformador da boa ficção.
Classificação