Concreto – Volume 1 – Nas Profundezas
Editora: HQ Maniacs – Edição especial
Autor: Paul Chadwick (texto e arte).
Preço: R$ 49,90
Número de páginas: 208
Data de lançamento: Março de 2015
Sinopse
Com uma carapaça de pedra, mais de dois metros de altura e pesando meia tonelada, ele é conhecido pelo público como Concreto. Segundo sua história oficial, é um androide construído pelo governo, mas teorias conspiratórias especulam que é um alienígena.
Neste primeiro álbum, Concreto tenta realizar alguns grandes feitos e também é contada a origem secreta da criatura.
Positivo/Negativo
É curioso como algumas histórias ganham uma aura meio mística, passada de fã para fã. Concreto é uma HQ independente extremamente cultuada. No Brasil, já teve as primeiras aventuras publicadas pelas editoras Best News (1990), Toviassú (1991), Devir (2004) e agora pela HQM.
O interessante de Concreto é que sua mística é diferente de algumas séries da Vertigo, que ficaram por anos saltando de editora em editora sem nunca mostrar o final para o leitor, como Preacher e 100 Balas, por exemplo – isso acabou na Panini, vale mencionar. A série de Paul Chadwick é uma coletânea de histórias soltas e criou um culto de fãs não por conta de um gancho que ficou em aberto, um mistério sem solução ou a expectativa de um grande desfecho, e sim pela qualidade e peculiaridade das suas aventuras.
E é extremamente compreensível o porquê do personagem ter essa fama. Quando suas histórias começaram a serem publicadas no Estados Unidos, nos anos 1980, eram realmente de vanguarda. Era a belíssima arte de Paul Chadwick usada para mostrar alguém com poderes incríveis, vivendo em um "mundo real" e se tornando uma espécie de celebridade bizarra.
Concreto tem tudo para ser um super-herói, mas não consegue realizar nem feitos simples, como salvar mineiros presos em um desabamento. A logística para tudo na sua vida é complexa e, no fim das contas, sua utilidade no mundo real é nula.
A crítica que Chadwick faz à sociedade do espetáculo, à mídia, à publicidade, às celebridades era tão à frente do seu tempo, que continua extremamente atual. Isso faz de Concreto um caso curioso, porque agora já não causa tanto impacto, pois, o que na época era uma exceção, hoje é apenas mais uma história com uma arte bem feita e reflexões no lugar da ação.
Concreto não é uma HQ leve (sem trocadilhos); é uma reflexiva, densa, quase poética. É ótima em todos os sentidos, mas, se você espera ação, dinamismo ou algo parecido com um super-herói, é inevitável: vai achá-la chata.
Pouco acontece nas histórias, o personagem é propositalmente sem carisma e mesmo a sua origem é algo contado de forma protocolar, e conhecê-la tem pouca utilidade para as tramas.
No fim das contas, Concreto é um material que deve estar sempre à venda nas livrarias, em edições bem feitas como esta, por seu valor histórico. Mas, infelizmente, para novos leitores o personagem nunca terá o carisma e a grandeza que teve nos Estados Unidos, e existe até a chance de ser uma leitura um pouco cansativa.
Classificação