Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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CONTOS BIZARROS

1 dezembro 2003


Título: CONTOS BIZARROS (Editora Abril) - Edição Especial

Autores: O Palhaço Assassino - Jeferson de Sousa (roteiro) e Samuel Casal (arte);

Entrevista com o Serial Killer - Dario Chaves (roteiro) e Octavio Cariello (arte);

O Filho que queria ser Mãe - Cíntia Cristina (roteiro) e Kipper (arte);

A Verdadeira História do Bicho-Papão - Cíntia Cristina (roteiro) e Vicente Mendonça (arte);

O Canibal de Milwalkee - Dario Chaves (roteiro) e Renato Guedes (arte);

Anticristo Superstar - Dagomir Marquezi (roteiro) e Rogério Nunes e Estella Maris (arte);

O Filho de Sam - Dagomir Marquezi (roteiro) e Bruno D'Angelo (arte);

O Homem que Odiava as Mulheres - Edson Aran (roteiro) e Marcelo D'Salete (arte);

O Assassino do Zodíaco - Jéferson de Sousa (roteiro) e Gabriel Bá e Fabio Moon (arte);

Como funciona a mente de um Serial Killer? - Edson Aran (roteiro) e Sam Hart (arte).

Preço: R$ 7,95

Número de páginas: 64

Data de Lançamento: Outubro de 2003

Sinopse: Contos Bizarros de Serial Killers - Um homem pede ajuda numa casa, depois de seu carro quebrar, mas o estranho anfitrião Átila quer primeiro contar algumas histórias.

O Palhaço Assassino - A história de John Wayne Gacy, um respeitável pai de família que violentava e matava rapazes.

Entrevista com o Serial Killer - Num talk show, Ted Bundy conta como espancava, estuprava e matava suas vítimas.

O Filho que queria ser Mãe - Eddie Gein desenterrava cadáveres e matava senhoras de idade, tudo por saudades da sua falecida mãe.

A Verdadeira História do Bicho-Papão - Albert Fish tinha preferência por crianças, as quais matava sem dó.

O Canibal de Milwalkee - Jeffrey Dhamer matava garotos e fazia estranhas experiências em seus corpos.

Anticristo Superstar - O famoso Charles Manson criou uma família de lunáticos assassinos, na época dos Beatles.

O Filho de Sam - Um maluco que assassinava pessoas a mando do cão do vizinho.

O Homem que Odiava as Mulheres - Um breve relato sobre o famoso Jack, o Estripador.

O Assassino do Zodíaco - Um perigoso assassino que matava sem dó enquanto provocava a policia.

Como funciona a mente de um Serial Killer? - Uma análise sobre esses terríveis assassinos.

Mentes Perigosas - Apresentação dos artistas responsáveis.

Positivo/Negativo: Uma edição totalmente nacional. Com um ótimo projeto gráfico, desenhos competentes e roteiros que não ficam nada a dever para qualquer revista de quadrinhos estrangeira, Contos Bizarros aparece, até agora, como a melhor revista 100% brasileira em bancas no ano de 2003.

O ótimo expediente - bastante comum em HQs de terror - de utilizar um protagonista principal na forma de narrador para apresentar as histórias torna tudo bastante "didático".

Os serial killers mostrados estão entre os mais conhecidos do cenário mundial. A grande maioria, como era de se esperar, formada por malucos que deram vazão a sua insanidade nos Estados Unidos. Pena que não aproveitaram a deixa para colocar algum lunático que aprontou coisas semelhantes por aqui, como o Bandido da Luz Vermelha ou o Maníaco do Parque, por exemplo.

O time de desenhistas, vários já figuras reconhecidas internacionalmente, dá conta do recado de maneira mais que competente. E os roteiros conseguem amenizar o conteúdo do tema, ao apresentar os fatos de modo original, como no caso de Ted Bundy, que narra suas atrocidades participando de uma espécie de talk show.

Outro mérito dos inspirados roteiristas foi o de condensar o grande volume de informações sobre os casos em tão pouco espaço (cada história tem, em média, cinco páginas), e ainda deixá-los interessantes. Merece destaque também o trabalho de pesquisa. A HQ Como funciona a mente de um Serial Killer? teve, inclusive, um psiquiatra forense como consultor.

E falar sobre serial killers não é tarefa fácil ou das mais agradáveis. Assassinatos, mutilações, abusos sexuais, cadáveres, vitimas inocentes, crianças, estupros, canibalismo... um cardápio terrível e variado, e baseado em fatos reais, o que torna os contos mais assustadores do que HQs pura e simplesmente de terror.

Embora todos os artistas, dentro de seus estilos, alguns mereçam "parabéns especiais", como Samuel Casal e Vicente Mendonça, que chamam a atenção pelos traços apresentados. E o roteiro de Dario Chaves na Entrevista com o Serial Killer foi uma ótima sacada.

O "puxão de orelha" fica para a presença de alguns erros pontuam os textos:

Página 27 - "timbredo" tudo junto, no lugar de "timbre do"; e "descagas elétricas" em vez de "descargas";
Página 29 - "prazaer" no lugar de "prazer";
Página 32 - "Nem seu apartamento" em vez de "Em seu";
Página 65 - "auto-retrado" no lugar de "auto-retrato"; e, por duas vezes, consta o nome da luta Kenjustu quando o correto é Kenjutsu;
Página 66 - "divida" no lugar de "dividida".

Quadrinhos ditos "adultos" apresentam uma série de dificuldades. Por vezes, subestimam a inteligência do leitor, ou o contrário, superestimam nossa capacidade com roteiros ininteligíveis. Esta publicação não se enquadra em nenhuma das duas situações, e tem o grande mérito de aguçar a curiosidade em saber mais sobre o tema em questão.

Como não consta qual a periodicidade da revista, a qualquer hora pode pintar uma nova edição com temas diversos. Já que esse tipo de publicação, totalmente nacional e com conteúdo efetivamente de qualidade - ao contrário (infelizmente) da maioria de seus congêneres - raramente é encontrada em bancas, espera-se, sinceramente, que tenha vida longa e que o próximo número esteja o mais breve possível disponível.

O título é um "filhote" da revista Superinteressante, e fez mais que jus à sua "mãe", mas, ao contrário dos serial killers, sem nenhum trauma para Freud explicar!

Classificação:

4,0

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