CORTO MALTESE – A JUVENTUDE
Editora: Nemo - Edição especial
Autor: Hugo Pratt (texto e arte) - Originalmente publicado em Corto Maltese - La jeunesse.
Preço: R$ 45,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Outubro de 2011
Sinopse
1905. Na Manchúria, a guerra entre a Rússia e o Japão chega ao fim. No entanto, nas trincheiras o cessar-fogo ainda está longe de terminar.
Nesse cenário, um russo tresloucado chamado Rasputin arranja uma encrenca atrás da outra e divide a cena com o escritor e correspondente de guerra norte-americano Jack London, que chega até a ser desafiado para um duelo com um oficial japonês.
E é nesse cenário que, ao final da trama, surge Corto Maltese, então com 17 anos, mas já dono de um ar de mistério que carregaria em todas as suas aventuras.
Positivo/Negativo
O italiano Hugo Pratt (1927-1995) era um emérito contador de histórias. Até porque, muitas delas ele viveu na carne - e transferiu para o papel na pele de seu principal personagem, o marinheiro galanteador Corto Maltese.
Este álbum começou a nascer em 1981, quando o jornal francês Le Matin encomendou a Pratt uma HQ seriada, que seria publicada no decorrer do ano. O autor passou, então, a narrar os bastidores da guerra entre Rússia e Japão, mas um desentendimento com o editor fez com que o projeto só viesse à luz tempos depois.
Na obra, Pratt comprova a mestria no uso da prosa em sintonia com seus desenhos de poucos, porém expressivos, traços. Ele constrói toda a trama praticamente sem utilizar o seu protagonista - que só aparece mesmo na página 81. E, ainda assim, captura a atenção do leitor.
Para isso, faz de Jack London um personagem envolvente e justo, que acaba entrando em rota de colisão com o desvairado Rasputin, que passa por cima de tudo e de todos para conseguir seus objetivos. Sempre com uma "lógica" pra lá de questionável.
O russo, que viria a se tornar o maior antagonista de Corto Maltese, nas aventuras em que ambos são adultos, por vezes rouba a cena. É até difícil não simpatizar com esse adorável canalha.
Assim, Pratt constrói uma (boa) história de Corto Maltese praticamente sem utilizá-lo. Coisa para poucos autores.
A arte pode até não encantar como em outros álbuns do personagem, pois é quase toda em planos fechados e tem poucas variações de tomadas, mas possui uma simplicidade adorável.
Editorialmente, a Nemo fez um trabalho primoroso. O álbum tem acabamento caprichado (com capa dura e papel excelente) e uma apresentação digna do mercado europeu: são quase 30 páginas com um delicioso texto de Marco Steiner, um antigo colaborador de Hugo Pratt, e dezenas de fotos que ajudam o leitor a entender o cenário em que se passa a aventura.
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Agora, os apreciadores de quadrinhos de qualidade esperam que, na Nemo, a viagem de Corto Maltese pelas águas do mercado brasileiro seja mais duradoura - e rentável - do que nas breves passagens que teve na L± e na Pixel.
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