CRIMINAL – VOLUME 2 - LAWLESS
Autores: Ed Brubaker (roteiros) e Sean Phillips (arte).
Preço: US$ 9,99
Data de lançamento: 2008
Sinopse: Tracy Lawless se afasta do exército e volta para sua cidade natal, Center City, para encontrar o assassino de seu irmão Rick.
Tracy assume um nome falso - Sam West - e entra no mundo criminoso de seu irmão Rick.
Então, Tracy/Sam descobre os amigos de seu irmão e se junta a eles como motorista, para realizar um assalto enquanto procura descobrir a identidade do assassino.
Positivo/Negativo: O segundo volume de Criminal reúne as edições 6 a 10 da série mensal.
Como no primeiro arco, não existem heróis. Tracy Lawless é um soldado com problemas que retorna à sua cidade em busca do assassino de seu irmão. E, logo na primeira página, ele já mata um sujeito, antes mesmo de o leitor saber quem é o protagonista e qual é o seu passado.
Lawless (palavra em inglês que significa "sem lei") é a síntese do tough guy norte-americano, resultado de uma família arruinada pela maldade de Teeg Lawless, pai dele e de Rick, que era um veterano do Vietnã.
A vida de Tracy no exército também contribui para esse quadro, pois tudo que ele conhece é o crime e a vida militar.
Em Lawless, Ed Brubaker brinca com o tema do suposto forasteiro que chega à cidade e só é reconhecido pelos moradores muito depois do momento da redenção dos mesmos.
O escritor explora os laços de família e como esses fatores moldam não apenas o passado, mas o futuro de Tracy.
Nas palavras de um dos personagens, a "família é uma armadilha". Além disso, Brubaker mostra as raízes geográficas do personagem, que o prendem a Center City.
A vingança, um dos temas mais comuns nos livros e filmes policiais, é o tema central desta história. E Brubaker o explora de maneira eficaz, fazendo Tracy reviver a vida de seu irmão.
Mas como se trata de um policial noir, nem tudo dá certo. A vida segue seus caminhos incertos, principalmente quando Tracy, na trilha seguida por seu irmão, se apaixona pela mesma mulher, Mallory.
Como o leitor já deve ter adivinhado, ela é a típica mulher fatal. Mallory possui sua própria força da gravidade e seu efeito sobre os homens sobrepuja o bom senso.
Depois de passar a maior parte da sua vida fugindo de seu pai e de seu passado, Tracy retorna ao ponto de partida e acaba ligado à máfia e a Sebastian Hyde, o mesmo criminoso para o qual seu pai trabalhou.
Leo Patterson, o personagem central do arco anterior, faz uma ponta nesta história, que vagarosamente começa a desvendar e conectar duas gerações de criminosos.
O encadernado tem uma introdução de Frank Miller (que tem em comum com Brubaker uma longa passagem pela revista Daredevil e uma série policial de sua autoria, Sin City).
Infelizmente, o livro não traz os textos das revistas mensais sobre literatura e cinema policial, como o artigo de Steven Grant (outro escritor de quadrinhos que adora histórias policiais) sobre o filme O Perigoso Adeus (The Long Goodbye); Mark Rahner escrevendo sobre Blaxploitation; um trecho da entrevista que Daniel Robert Epstein fez antes de morrer com Brubaker; e o próprio roteirista percorrendo algumas vertentes do cinema policial asiático.
Para quem gosta do trabalho de Brubaker, Criminal revela a verdadeira paixão do escritor, as histórias policiais noir, uma temática presente na maioria dos seus trabalhos: Sleeper, Gotham City contra o Crime, Mulher-Gato, Demolidor e até Capitão América.
Sean Phillips continua brilhante neste segundo volume. Ao contrário dos personagens da história, o desenhista inglês acerta todas as pinceladas e continua sendo uma das razões do sucesso desta série.
Criminal já ganhou vários prêmios, foi excepcionalmente bem recebida pela crítica especializada estrangeira e elogiada por autores como Howard Chaykin e Frank Miller. Apesar disso, continua inédita no Brasil.
E, com o perdão do trocadilho, Criminal é um crime que compensa.
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