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CRISE DE IDENTIDADE # 2

1 dezembro 2005


Título: CRISE DE IDENTIDADE # 2 (Panini
Comics
) - Minissérie em sete edições
Autores: Brad Meltzer (texto), Rags Morales (desenhos) e Michael Bair (arte-final).

Preço: R$ 5,50

Número de páginas: 40

Data de lançamento: Outubro de 2005

Sinopse: Um grupo de heróis investiga quem matou Sue Dibny. O principal suspeito é o Dr. Luz, que estuprou a mulher do Homem-Elástico e foi lobotomizado pela Liga da Justiça.

Enquanto os heróis da DC chafurdam em um passado pouco honroso e caçam o vilão, a autópsia do Dr. Meia-Noite revela que o assassino é outra pessoa.

Positivo/Negativo: Pois é. O primeiro número de Crise de Identidade lidou com valores como amor infinito e violência injustiçada. Foi uma das melhores histórias da cronologia convencional da editora em anos.

Mas a estréia ainda tinha vilões e heróis. E agora os heróis assumem algumas posturas de vilões - na verdade, fazem coisas dignas dos momentos mais tenebrosos do Coringa.

Não que a editora nunca tenha apresentado histórias sombrias. Batman tem várias delas em seu currículo: vide A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland, e Asilo Arkham, de Grant Morrison e Dave McKean. Superman já precisou julgar e assassinar matar kryptonianos em um mundo paralelo. E dezenas de heróis e vilões foram mortos nesses 20 anos de cronologia pós-Crise nas Infinitas Terras.

Mas Crise de Identidade tem aspectos que ultrapassam tudo que foi feito até então nas histórias soturnas da DC. Em primeiro lugar: a lobotomia do Dr. Luz é uma atitude coletiva. E realizada em votação pelo principal grupo de heróis da editora.

A decisão final cabe a um herói que morreu sem máculas: o segundo Flash, Barry Allen. É como se a ONU tivesse soltado uma bomba atômica no Afeganistão para matar Bin Laden e a Unesco fosse responsável por um dos votos.

Não é uma decisão particular de um superser, e sim da instituição que representa os maiores heróis do planeta. E isso afeta não um núcleo de personagens, como foi o caso do aleijamento de Barbara Gordon, e sim uma chaga no coração dos personagens da editora. E chagas, vale lembrar, são ferimentos que não curam. Dificilmente o Universo DC poderá voltar a ser o mundo colorido que um dia foi.

O estupro de Sue Dibny, retratado com detalhamento raro de se ver (tanto que a série é sugerida para maiores de 18 anos e, nos Estados Unidos, saiu sem o selo do Comics Code), ocorreu tempos atrás, ou seja, põe abaixo anos e anos de uma suposta inocência da Liga e de alguns de seus membros-chave.

Inseriu-se na cronologia um ato de violência e um julgamento que ficaram em segredo por décadas. Uma coisa é mexer com mitos. Outra, bem mais grave, é minar suas raízes.

Também há um ponto importante na lobotomia: o abuso de poder de heróis. Na Marvel, isso acaba sendo natural com alguns personagens. Wolverine mata. Nick Fury manipula. Mas heróis da DC andam na linha - ou precisam de um motivo fortíssimo para ultrapassá-la.

Quando Jason Todd morreu, Batman ficou ultraviolento (na verdade, como o Demolidor). E essa fase é vista como a de um herói vítima de um descontrole provocado por um trauma. Aqui também vale lembrar da Elite, um grupo de heróis aos moldes de The Authority (da Wildstorm), que acabou virando inimigo da Liga da Justiça. É nesse contexto que o Arqueiro Verde, quando confrontado por Kyle Rainer, diz: "O que te faz pensar que foi a única vez?".

Ou seja: o passado esconde mais segredos e outros andaram fora dos limites. Quando vilões enveredam pelas sombras, é natural, faz parte da função deles. Mas ver heróis ultrapassando a barreira do bom mocismo é muito diferente. Quebrar a dicotomia entre bem e mal é, mais do que tudo, aproximar da realidade. Ainda mais quando se trata do Universo DC, significa que algo grande - e bom - está acontecendo.

Crise de Identidade é um dos pontos de partida para a remodelação do Universo DC que está em curso. Na edição de 12 de outubro do The New York Times, o escritor Greg Rucka, um dos roteiristas-líderes desse movimento, declarou: "Não seria uma crise se eles soubessem que vão vencer no final".

O fato é que, desde este segundo capítulo Crise de Identidade, os heróis da DC já perderam: deixaram de ser justos e confiáveis. Agora, só falta perder a fama de dificilmente renderem boas histórias. Mas, se a equipe criativa mantiver o ritmo, tudo leva a crer que a DC achou seu caminho.

 

Classificação:

4,0

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