DC ESPECIAL # 5 - GOTHAM CITY CONTRA O CRIME
Título: DC ESPECIAL # 5 - GOTHAM CITY CONTRA O CRIME (Panini
Comics) - revista trimestral
Autores: Ed Brubaker e Greg Rucka (roteiro), Michael Lark (arte)
e Noelle Giddings (cores).
Preço: R$ 13,90
Número de páginas: 112
Data de lançamento: Março de 2005
Sinopse: Coadjuvantes nas HQs do Batman, os policiais de Gotham
City ganham status de protagonistas nesta série mensal lançada
nos Estados Unidos, cujos primeiros capítulos chegam ao Brasil neste DC
Especial.
Uma suposta pista referente ao desaparecimento de uma garotinha leva os
policiais Marcus Driver e Charlie Fields a baterem de frente com um dos
piores criminosos da cidade: o Sr. Frio.
Fields acaba morto pelo vilão, mas Driver é deixado vivo. Para ele, é
questão de honra prender o sujeito sem o auxílio do Batman. Assim, todo
o Departamento de Polícia de Gotham passa a trabalhar no caso, para resolvê-lo
antes do pôr-do-sol (que sinaliza o "horário do Morcego").
A seguir, Fields ainda voltará suas atenções ao caso da garotinha, ao
mesmo tempo em que o departamento estará atrás do vilão chamado Incendiário.
Positivo/Negativo: Batman é um dos personagens com elenco coadjuvante
mais interessante dos quadrinhos, e esta série chega para enriquecer ainda
mais este universo.
Os oficiais, conhecidos de aparições anteriores em revistas do Morcego,
não são maniqueístas, mas prezam muito a lei e a ordem. Por outro lado,
são duros na queda, sabem o que é preciso para ser policial em Gotham,
enfrentando desde a ralé até supercriminosos como o sr. Frio.
A inspiração parece ser na personalidade do ex-comissário Gordon (aposentado),
que teve na clássica HQ Batman
- Ano Um seu ponto alto.
Na tradição das melhores histórias do Cavaleiro das Trevas, há uma tendência
ao realismo, o que dá um ótimo tom à narrativa. O elemento "superser"
é secundário. As aparições de Batman são mínimas (na verdade, ele "dá
as caras" até mais que o necessário).
Os chamados "supervilões" são pessoas utilizando parafernália tecnológica.
E ainda existem os criminosos comuns, que a qualquer momento podem dar
cabo dos homens da lei, que não são à prova de balas.
A arte de Michael Lark remete à de Mazzucchelli em Ano Um, um belo
estilo realista de linhas mínimas, que foge do padrão de histórias de
super-heróis. Tudo isso faz o leitor entrar mais no clima da trama.
O roteiro é muito bem conduzido, apresentando de modo eficiente, em geral,
os detalhes que vão compondo o resultado das investigações. A ênfase no
trabalho em equipe, contrasta com as ações do solitário Batman.
Ler o especial é como ler um bom livro ou assistir a um bom filme ou série
policial. O maior problema na narrativa é a abrupta conclusão do caso
do Sr. Frio, em contrapartida à condução do segundo arco (que se vale
ainda de algumas "pontas soltas" do primeiro).
A ficha descritiva dos dez policiais que abre o especial seria desnecessária
para compreensão da história, mas serve como fonte de referência curiosa,
por apontar a primeira aparição de cada um deles em HQs do Batman.
Os personagens têm personalidade e profundidade e interagem muito bem
entre si. São todos diferentes, têm qualidades e defeitos, são "pessoas",
não "enfeites" para a história.
A arte reforça este aspecto, com personagens "atuantes" (ótima expressão
corporal, facial e narrativa visual cinematográfica). Dá pra perceber
nitidamente quando alguém está escondendo informação, demonstrações de
afeto, ciúme, preocupação etc, o que contribui muito para o decorrer da
história.
Mistério, suspense. Uma boa investigação que é mais eficiente do que apenas
usar os punhos. E a avaliação fica ainda melhor quando se leva em conta
o fato de ser uma série mensal, mas que consegue ter qualidade de especial.
Só resta ao leitor pleitear e aguardar que a Panini continue sua
publicação no País.
Em tempo: o título nacional (o original é Gotham Central) remete
ao seriado de TV Nova York Contra o Crime, o que é interessante
não apenas por se tratar de outra história que coloca os policiais como
protagonistas, mas também por lembrarmos que, no início de suas aventuras,
Batman atuava em Nova York.
Classificação: