DESCE! SOBE!
Título: DESCE! SOBE! (Folha
de S.Paulo) - Edição do caderno Mais!
Autor: Joe Sacco (texto e arte).
Preço: R$ 5,90
Número de páginas: 16 espalhadas em cinco páginas do Mais!
Data de lançamento: 19 de agosto de 2007
Sinopse: Joe Sacco faz uma reportagem no Iraque, desta vez retratando o duro treinamentos que os soldados iraquianos aliados aos Estados Unidos recebem do sargento Tim Weaver.
Positivo/Negativo: No último domingo, os leitores do jornal Folha de S.Paulo encontraram no caderno Mais!, dedicado a discussões culturais e intelectuais, uma HQ que ocupava metade das páginas do suplemento, incluindo a capa. A história, publicada inicialmente na Harper's, já vinha saindo em diversos veículos do mundo todo.
Os leitores de HQ mais aficionados se surpreenderam. Afinal, Sacco é um dos mais importantes quadrinhistas em atuação. No Brasil, é conhecido por álbuns como Palestina e Gorazde (ambos da Conrad), em que publica reportagens em quadrinhos realizadas em zonas de guerra.
O tom de surpresa entrega uma deficiência da imprensa nacional: há pouco espaço para publicação das HQs. Afinal, os quadrinhos surgiram justamente nos jornais, no final do século 19, e é onde são publicados até hoje. Mas, nos periódicos brasileiros, perderam bastante prestígio nos últimos anos.
Também há de se considerar o conteúdo da história: é uma reportagem! Sacco, como sempre, veste a carapuça de jornalista e faz uma belíssima matéria. Não chega a ser seu melhor trabalho por dois motivos:
1) O esforço narrativo para fazer com que Weaver seja um pateta maquiavélico acaba deixando a HQ um pouco limitada. Desce! Sobe! tem mais jeito de capítulo de livro de Sacco do que de uma história completa de fato.
2) Sacco se intromete menos na história: registra mais e dialoga menos. Perde-se seu ponto de vista e a sempre generosa relação que ele cria com seus personagens.
Embora o bom susto dos leitores seja perfeitamente compreensível, a pergunta que deveria ficar para os editores é: "Por que não repetir a dose?". Publicar HQs especiais de vez em quando, saindo do esquema das tiras de sempre, é um belo recurso para quebrar a monotonia.
E, ao contrário de várias fórmulas jornalísticas, ainda está longe do ponto de saturação.
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