Autores: Laerte (roteiro e desenhos).

Preço: R$ 18,00

Número de páginas: 64

Data de lançamento: Novembro de 2003

Sinopse: Terceira coletânea das tiras de Deus.

Neste álbum, o Todo-poderoso luta na guerra, perde seu posto pro Diabo, é seqüestrado e até vira super-herói!

Positivo/Negativo: Se você procurar entre fãs dos mais variados gêneros de quadrinhos, entre suas díspares preferências sempre haverá alguns pontos de intersecção. E os trabalhos de Laerte quase sempre estão na relação.

Ele é um "artista universal", que consegue agradar desde os fãs de super-heróis aos radicais leitores de mangás, passando pelo pessoal que curte HQs adultas. Não é à toa que se tornou um colecionador de prêmios e, claro, de admiradores.

Qual o segredo disso? Talvez só ele saiba explicar, mas o fato de ser um quadrinhista pra lá de eclético deve contar muitos pontos. Laerte é pra lá de perspicaz quando o assunto é criar novos personagens.

No seu rol de "filhos" estão tipos dos mais antagônicos, como o super-herói Overman, a menina do circo Suriá, o puxa-saco Fagundes, os impagáveis Piratas do Tietê, Gato e Gata, os Palhaços Mudos e, quem diria, Deus!

O traço comum entre todos eles é o fato como Laerte "se veste" de cada personagem, captando suas nuances, trabalhando na linguagem apropriada para os públicos que quer atingir e transmitindo isso - muito bem - para os seus leitores.

Este álbum de Deus é mais uma prova disso. O autor brinca com temas que, nas mãos de alguns outros quadrinhistas, se tornariam "sacrilégios". Mas com Laerte tudo soa engraçado, como quando vários anjinhos do céu querem ter chifres, asas de morcego e rabos pontudos, porque "é mais legal". Uma inteligente analogia com a tentação pelo "proibido", sem dúvida.

As tiras em que o Todo-poderoso vai à guerra conseguem, ao mesmo tempo, ser engraçadas e fazer o leitor refletir. E depois que Deus morre (acredite!) no front, é hilária a seqüência em que o Diabo toma conta de tudo.

E o que dizer do Capitão Deus? Só Laerte (que, vale mencionar, lê vários quadrinhos, de mangás a super-heróis) pra transformar Deus num supertipo, com uniforme colorido, máscara, capa e tudo mais. Sensacional!

Deus 3 - A Missão teve uma edição caprichada da Olho d'Água, com destaque para o bom trabalho de editoração eletrônica, que variou o fundo conforme o protagonista das seqüências: nuvens azul claras para Deus e formas pontudas avermelhadas para o Diabo. O prefácio é assinado por Indigo.

A produção foi cuidadosa. Apenas dois vacilos de português: na página 39, um "reacão" (faltou a cedilha); e, na 49, um "portfolio" sem acento agudo no segundo "o".

É sempre bom ler as tiras de Laerte de uma vez só, pois as piadas seqüenciais ficam ainda melhores. Este álbum atesta isso. Tomara que venham outros e que o autor continue iluminado por seu personagem! Que Deus o tenha! Sempre!