Ano após ano, ouvem-se notícias das quedas das vendas dos quadrinhos Disney pelo mundo. No seu país de origem, os Estados Unidos, chegaram até a ser cancelados. E no seu lar adotivo, a Itália, os personagens já viveram dias melhores.

No Brasil não é diferente. Apesar de toda a tradição dos quadrinhos Disney por aqui - Pato Donald foi a primeira revista lançada pela Abril, em 1950 - as vendas vêm declinando e os cancelamentos são constantes.

Talvez até pela relação afetiva que a Abril tem com a linha Disney, a editora tem usado todo o seu poderio para nadar contra essa corrente de decadência que assola essas publicações.

A Abril apostou em um público maduro, que cresceu lendo as aventuras de Donald e seus sobrinhos e lançou nos últimos anos coleções como As Obras Completas de Carl Barks, História e Glória da Dinastia Pato, Grandes Mestres Disney e outras.

Seguindo essa linha de coleções, e aproveitando a esteira de sucesso da recente onda de adaptações literárias em quadrinhos que vem tomando de assalto o mercado brasileiro, a editora coloca nas bancas essa competente Disney - Clássicos da Literatura.

Serão 20 volumes lançados semanalmente, nos mesmos moldes de outras coleções de literatura da editora. Cada um trará adaptações de clássicos literários estrelados pelos personagens da Disney, exceto pelo último número (Lendas do Futebol), que causa estranhamento por não remeter a nenhuma obra literária.

Este primeiro volume, intitulado Os Três Mosqueteiros traz, além da versão do clássico de Alexandre Dumas, uma HQ da sua continuação, O Máscara de Ferro, e Capitão Fracasso, adaptação da obra do francês Theóphile Gautier.

São histórias divertidas, que emprestam uma pequena ideia dos originais para fazer típicas HQs de Patinhas, Donald e os sobrinhos. A exceção fica por conta de Capitão Fracasso, que apresenta uma miscelânea de personagens de Walt Disney, como os vilões do Pinóquio, Donald, Branca de Neve e os Sete Anões e ainda elementos como a espada de Rolando Furioso. O resultado é um tanto esquizofrênico.

Editorialmente, a produção é impecável. Textos de abertura situam as histórias originais e suas versões, há uma lista de todos os volumes da coleção e um brinde pra lá de especial: uma edição fac-símile do Pato Donald # 1, o mesmo que deu início as atividades da Abril, há mais de meio século.

O preço também é convidativo, mas isso acarretou o principal problema da edição: a gramatura das páginas. Para ter um custo menor, o gibi tem páginas mais finas e muitos quadrinhos "vazam" para a página de trás, mas sem comprometer muito a arte.

Uma iniciativa louvável da editora.