DITADURA NO AR # 2
Editora: Independente - Edição especial
Autores: Raphael Fernandes (roteiro) e Abel (arte).
Preço: R$ 8,00
Número de páginas: 24
Data de lançamento: Maio de 2012
Sinopse
Ditadura no ar é uma história em quadrinhos policial ambientada no regime militar brasileiro.
Na edição anterior, o fotógrafo freelancer Félix Panta investigava o paradeiro de sua namorada comunista Nina (vulgo Lenina) - capturada pelo DEOPS durante um protesto contra o regime militar -, quando seus planos deram errado. Além de não encontrar a garota, ele teve sua máquina fotográfica danificada.
Nesta edição, Félix é contratado para acompanhar um repórter novato ao esconderijo de Samarca, um guerrilheiro de esquerda que fugiu de um presídio militar. Sabendo que ele foi capturado no mesmo final de semana que Nina, o fotógrafo vê no trabalho uma chance de conseguir alguma pista.
Positivo/Negativo
Raphael Fernandes já é conhecido do público de quadrinhos por ser editor da atual fase da revista Mad, pela Panini. Mas em Ditadura no Ar, revela seu trabalho competente como roteirista.
A premissa é muito boa: uma trama policial noir ambientada no período da Ditadura Militar brasileira.
Todos os elementos do gênero consagrado pelo romancista Raymond Chandler estão presentes e funcionam bem: o herói durão que aguenta calado muita pancada; a linda mulher que não é exatamente frágil, mas está em perigo; e um mistério que se desenrola em salas escuras e esfumaçadas.
E é importante destacar o belíssimo trabalho de Abel na composição desse clima noir. O traço sintético, anguloso e expressivo do desenhista lembra autores brilhantes como Eduardo Risso e Mike Mignola e funciona perfeitamente na construção de tipos durões de "queixo de aço" que figuram no gênero.
Sem contar o trabalho dele nas cores da HQ melhorou bastante do primeiro volume para este e está mais equilibrado.
Vale lembrar que Ditadura no ar foi publicada inicialmente na internet e suas páginas eram pensadas individualmente, como as clássicas tiras ou páginas seriadas de jornal.
Agora que migrou totalmente para o formato revista, cabe uma atenção maior dos artistas para pensar a trama como uma HQ, levando em conta a relação entre as páginas e aproveitando as ferramentas narrativas que as edições impressas oferecem para valorizar a leitura.
Outra questão importante é que, por se tratar de uma revista seriada que precisará de mais edições para fechar a história, a dupla criativa precisa de um planejamento maior, estabelecer e divulgar cronogramas para fidelizar o leitor.
A HQ é excelente, mas nem sempre só isso basta para tornar uma publicação independente sustentável.
Classificação: