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DOM QUIXOTE EM QUADRINHOS

Por Delfin
1 dezembro 2005

Título: DOM QUIXOTE EM QUADRINHOS (Peirópolis)
- Edição especial
Autor: Caco Galhardo (roteiro e desenhos), sobre obra de Miguel de Cervantes Saavedra.

Preço: R$ 26,00

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Abril de 2005

Sinopse: O senhor Quijana sempre adorou ler. Principalmente histórias sobre cavaleiros, princesas, monstros fantásticos e mitológicos. Um dia, de tanto ler, ele ficou tomado pela idéia de que era, também, um cavaleiro. Como tal, deveria partir pelo mundo, enfrentando os perigos que aparecessem à sua frente.

Tendo como impulso vital o amor por sua amada Dulcinéia e sempre secundado pelo ajudante, Sancho Pança, confronta a sociedade seiscentista e seus reflexos sociais. O nome que adotou é Dom Quixote de la Mancha, o Cavaleiro da Triste Figura.

Positivo/Negativo: Tem gente que implica com a arte de Caco Galhardo. Alguns não se conformam, argumentando que ele sequer sabe desenhar. Mas é possível afirmar que o autor se destaca justamente por fugir ao convencional do mercado de quadrinhos. E isto sempre rendeu boas surpresas, como, por exemplo, sua recente parceria com o escritor Marcelo Mirisola.

E este Dom Quixote em Quadrinhos, estréia da Peirópolis na área, é mesmo muito interessante. Galhardo assume que a adaptação se refere ao primeiro volume. O que é honesto e importante para compreender os resultados da obra.

Em 2005, por conta do centenário da obra original de Cervantes, as livrarias ficaram infestadas de Quixotes. Até em cordel ele apareceu. Mas o que Caco fez (única versão realmente em quadrinhos que pintou nos pontos de venda) foi acomodar, a seu jeito, toda a trama, de modo que o leitor se sentisse interessado e, ao mesmo tempo, soubéssemos o que ocorria no original.

Traços simplificados e marcantes (bem como as cores) e a coragem de estampar seus desenhos em uma seqüência de páginas inteiras são pontos altos desta edição, bem cuidada graficamente.

Em mais páginas, certamente o autor teria mais tempo para conduzir sua narrativa, cuja tradução se manteve, sempre que possível, fiel à produzida por Sérgio Molina. Porém, tiraria a graça de, após um bolo de texto interminável, existir um Deus ex machina àquela altura do campeonato.

No prefácio, Cassiano Elek Machado (hoje na revista Trip) crê ser esta adaptação melhor que a de Will Eisner, publicada por aqui em 1999, pela Companhia das Letrinhas. Certo exagero. As duas obras possuem qualidades distintas. Apesar de narrativamente a edição do norte-americano ser superior, em termos de agilidade Caco realmente bate o mestre. Ponto pro Brasil nessa.

Há pequenos deslizes no português, como a falta de algumas vírgulas, mas nada que comprometa. A edição, grande, valoriza os desenhos e as cores.

Existe a promessa de novos álbuns, já que este foi publicado na série Clássicos em HQ. É o primeiro da série. Parabéns à Peirópolis (que já tinha bons livros de ficção, como A descronização de Sam Magruder) pela grande iniciativa.

 

Classificação:

4,0

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