DYLAN DOG # 11
Título: DYLAN DOG # 11 (Mythos Editora) - Revista mensal
Autores: Sclavi (roteiro) e Ambrosini (desenhos).
Preço: R$ 5,50
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Setembro de 2003
Sinopse: Canal 666 - Por um roteiro fortemente influenciado pelo do filme Network, do diretor Sidney Lumet, e, é claro, pelos trabalhos de George Romero, Sclavi cria uma aventura na qual Dylan Dog enfrenta uma conspiração que faria alegria do personagem Fox Mulder!
Londres é agora palco de uma mega-operação da manipulação de corações e mentes, por meio da mais eficiente máquina de criação de Zé Manes: a TV!
Até mesmo a grande alegria de viver de Groucho é afetada!
Positivo/Negativo: Pode ser coincidência, obra do destino ou parte de um inteligente manobra para chamar a atenção para esta HQ, mas o fato é que esta boa aventura de Dylan Dog chega em ótima hora ao Brasil. Não poderia haver momento mais interessante para entrar numa banca de jornal e dar de cara com um gibi cuja capa traz ameaçadoras mãos e grotescos tentáculos saltando de um monitor de TV.
Não, não caiamos na vala comum dos fatalistas com bastante dinheiro para fixar um back-light gigantesco, na famosa avenida Radial Leste, em São Paulo, para afirmar que a televisão é um instrumento do demônio.
O pensador francês Jean Paul Sartre escreveu que o inferno é outro. O dramaturgo inglês Christopher Marlowe, contemporâneo de um tal de Shakespeare, na peça Doutor Fausto, conta as aventuras do lendário professor do título que, movido pela ambição desmedida, faz um pacto com forças infernais.
Uma vez lavrado um contrato escrito com o próprio sangue, para a venda de sua alma, Fausto pergunta a Mefistófeles sobre a localização do inferno. O "coisa-ruim" responde que o inferno é aqui! E onde mais seria?
Voltando ao Brasil de 2003, ligamos a TV num domingo de tédio! Um dos programas mais populares e, simultaneamente, de conteúdo altamente questionável, traz o verdadeiro horror para sua sala: dois supostos marginais mascarados ameaçam políticos, religiosos, jornalistas...
Pergunta: E o que tudo isso tem a ver com a aventura de Dylan Dog intitulada Canal 666?
Resposta: Pensando em Marlowe, em Sartre, nos que não diferenciam lenda de realidade (e,assim, propagam a cultura do medo) e no "profissionalismo" de comunicadores de massa, esta edição de DD, à sua maneira, realiza uma pertinente e divertida reflexão sobre o poder de comunicação da mídia eletrônica, quanto à sua superficialidade e poder de doutrinação.
Por mais que fantasiemos e neguemos, a atual programação da TV é um reflexo da ausência de reflexão sobre o poder da mesma.
Para uma expressiva parcela da sociedade, a despeito do poder aquisitivo, a televisão é a grande ou única fonte de informação para leitura e intervenção sobre a realidade: para muitos, real é o que a telinha nos informa!
Um meio e linguagem como este, aplicado sem a menor preocupação ética, é capaz de atribuir relevante importância social e cultural a fantasias alienantes, como a da luta pelo sucesso a qualquer custo!
Horror não é ver na televisão uma propaganda que traz um adolescente que acredita transformar-se em "supermodelo " por usar o sabonete X?
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