DYLAN DOG # 7
Título: DYLAN DOG # 7 (Mythos Editora) - Revista bimestral
Autores: Sclavi & Mignacco (texto) e Piccatto (desenhos).
Preço: R$ 5,50
Número de Páginas: 98
Data de lançamento: Abril de 2002
Sinopse: O hospital central de Londres torna-se o cenário de recorrentes cirurgias mal-sucedidas. Jill Brady, médica residente, motivada pela morte de seu pai, ocorrida durante uma intervenção cirúrgica considerada rotineira, contrata os serviços do detetive do pesadelo.
Positivo/Negativo: Pode-se afirmar que uma da razões do sucesso de Dylan Dog, na Itália, é o talento de roteirista e desenhistas para criar aventuras que exploram as mais diversas e recorrentes formas de medo do mundo contemporâneo.
Nesta sétima edição da Mythos é encenado o medo da medicina, médicos e cirurgias. A partir do próprio epíteto de Dylan Dog, o detetive do pesadelo, estabelece-se de maneira clara que o herói é um personagem em luta pelo predomínio da racionalidade, do bom-senso em aventuras que trazem, invariavelmente, conflitos absurdos e personagens coadjuvantes, geralmente femininas, passionais e fragilizadas.
Para ressaltar esta exploração das limitações humanas, como o medo, o próprio Dylan Dog é dotado de falhas. Por exemplo: na aventura em questão, há um tiroteio desnecessário que serve para explorar um momento de auto-ironia do personagem-título; e as atitudes cafajestes bem adequadas a um cara que tem "Dog" como sobrenome...
Para dar uma idéia do quanto é divertida esta síntese, basta transcrever o diálogo entre Dylan e a assustada Jill Brady.
Dylan: Não é o momento mais adequado para uma declaração de amor... e nem estou apaixonado para você! Mas o beijo foi um jeito para mostrar que estou ao seu lado... não só profissionalmente !
Jill: Oh, Dylan...
Interessante! Para os roteiristas desta aventura, a dupla Sclavi e Mignacco, Nelson Rodrigues tinha mesmo razão...
Nesta edição destacam-se as seqüências de cirurgia mostradas da perspectiva de aterrorizados pacientes. Outro ponto alto diz respeito a personagem Jill Brady e sua inusitada metamorfose, promovida pelos elegantes desenhos de L. Piccatto. O leitor mais atento vai notar que ela, de uma hora para outra, deixa de ser um pudica estudante de medicina para ganhar as formas e curvas de uma legítima Sheila.
Como nem tudo são flores, há uma cirurgia fundamental para história que, para assombro do leitor, não é explicada quanto às suas causas; e nenhum personagem preocupa-se com a gratuidade da mesma.
O epílogo é extremamente divertido, mas pelas razões erradas. Certos clichês são tão batidos que é impossível não conter o riso.
Este número da Mythos, Entre a Vida e Morte, pode muito bem funcionar como apresentação para aqueles que nunca leram Dylan Dog. As características acima listadas são desenvolvidas com presteza até certo ponto, mas nada que atente contra o equilíbrio da aventura ou o prazer de ler uma das HQs mais interessantes, divertidas e inusitadas presentes no mercado brasileiro.
Neste número, Dylan Dog torna-se uma publicação bimestral, o que, no Brasil, costuma significar o cancelamento eminente da série. Torçamos para que isso não se concretize. Seria uma pena!
Classificação: - Fernando Viti
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