EL OTRO
Título: EL OTRO (La
Productora) - Edição especial
Autor: Angel Mosquito (texto e arte).
Preço: 3 pesos
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Agosto de 2004
Sinopse: Há 40 mil anos, um africano negro caiu no mar e acordou numa praia européia junto a uma tribo de Neandertals. Apesar das diferenças físicas, os dois lados acabam percebendo que fazem parte da mesma espécie - as cores mudam, mas no fundo são iguais.
A aproximação entre o homem e a tribo serve para a humanidade cumprir mais uma etapa rumo à evolução.
Positivo/Negativo: A Argentina é um campo fértil de artistas gráficos em geral - e especialmente de quadrinhistas. Infelizmente, à exceção do consagrado Quino, de Maitena e de Eduardo Risso, conhecido via DC Comics e seu 100 Balas, parece que a fronteira que separa os brasileiros e os hermanos está mais para barreira.
Nos anos recentes, as editoras daqui fizeram um esforço para trazer obras do mundo todo, mas ainda falta olhar para o país vizinho. Lá há obras de vários gêneros - e com muita, muita qualidade.
La Productora, por exemplo, é uma editora pequena, criada por artistas - Mosquito é um dos envolvidos - que tem um catálogo de revistas em preto-e-branco. Algumas são melhores do que as outras. El Otro é um dos bons títulos da casa.
Mosquito já foi publicado aqui apenas em JC - Duas Histórias Hereges, um miniTonto, revistinha da Editora Tonto, de Fábio Zimbres. Era uma coleção dedicada aos grandes nomes dos quadrinhos independentes, contemplando artistas do Mercosul. E ficou por isso mesmo.
Em El Otro, Mosquito faz uma pequena e singela história sobre um momento ímpar da evolução humana - o encontro dos africanos com os Neandertals. O quadrinhista faz uma fantasia a partir de um recorte individual de um grande processo migratório.
Seus personagens não têm nome. O único texto da história está no primeiro quadrinho e apenas situa o leitor no tempo e no espaço: "El Sur de la Península Ibérica... Un verano hace 40.000 años". Depois disso, o autor opta por preencher os balões com ícones - bisontes, sóis, humanos tracejados com pauzinhos e até mesmo uma bola pontilhada, no mesmo tom de pele do negro, para se referir à diferença de cor entre ele e o grupo. A linguagem visual, somada à narrativa bem estruturada, mais do que funciona: é forte e encantadora.
El Otro segue pesquisas recentes para deixar de lado o estereótipo brucutu dos Neandertals. E imagina, em sua história comovente, que, há 40 mil anos, houve de fato um esforço de inclusão - que, hoje, pena, parece ter ficado para trás.
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