Eleanor e Park
Editora: Novo Século - romance
Autor: Rainbow Rowell.
Preço: R$ 39,90
Número de páginas: 328
Data de lançamento: 2014
Sinopse
A problemática e esquisita Eleanor conhece o nerd mestiço Park no ônibus a caminho da escola, onde ele passa a dividir com ela os quadrinhos de X-Men e Watchmen, sem trocar uma palavra.
A partir daí, surge uma relação intensa, carregada de carinho e paixão, com muitos desafios pela frente.
Positivo/Negativo
Os nerds já se vingaram, tornaram-se populares, transaram, dominaram o mundo. Hoje, esse modo de vida pródigo em gostos e manias diversas está com tudo, e a boa literatura também não se cansa de explorar o filão. A autora Rainbow Rowell surgiu com este divertido e emocionante Eleanor e Park, em que as revistas em quadrinhos têm papel de destaque nas vidas do casal de namorados protagonistas, gerando identificação imediata dos seguidores dos gibis.
Curioso como as revistas fazem valer o primeiro contato do mestiço com a “gordinha”, no banco do ônibus para a escola, já que eles ainda nem se falavam. Mas o garoto passa a virar as páginas mais devagar, para que a colega pudesse acompanhá-lo. Depois vem o gosto por música alternativa, com a gravação de fitas, até finalmente caminharem de mãos dadas.
Ambientado em meados da década de 1980, o romance acompanha o lançamento da primeira edição de Watchmen, dando vazão a comentários sobre Alan Moore e sua obra-prima pelos adolescentes da época.
A trama não se prende apenas ao gosto por quadrinhos e cultura pop, mas Rowell é uma entusiasta incorrigível e carrega seus livros com referências diversas, seja no mundo jovem ou com adultos. Ela é como uma versão feminina do aclamado John Green (dos sucessos A culpa é das estrelas e Cidades de papel), celebrando esperteza e nerdice para um público que hoje tem seu lugar.
Personagens surgem críveis e não estereotipados, em meio a dramas familiares e questões colegiais. Sim, finalmente o veterano apaixonado por gibis e ficção científica alcançou destaque nos romances de mulherzinha, por mais improvável que pareça. Sem culpas, sem restrições, sem limites e sem ter que se desculpar por ser diferente, mas provando o valor que há em viver assim.
O foco está na paixão adolescente, no primeiro beijo e no inevitável desfecho, mas com temperos únicos.
A estrutura é ágil e envolvente, alternando o foco narrativo entre os dois personagens centrais a cada capítulo. Assim, o livro ganha vida e a mesmice não tem vez.
Rowell não é a primeira a usar o recurso, mas o faz com propriedade. Como no cultuado The Astonishing Adventures of Fanboy and Goth Girl (leia a resenha aqui), os quadrinhos estão no cerne do envolvimento entre dois jovens estudantes. Mas aqui o relacionamento afetivo acaba indo mais longe. Park briga na escola e Eleanor enfrenta ameaças de onde menos se espera. Fases diversas de um namoro se sucedem, e quem ganha é o leitor. Mais que nerd, geek ou indie, trata-se de um romance muito sincero, em que as emoções estão sempre à flor da pele.
Seth Cohen foi imortalizado pela atuação de Adam Brody em The O.C. e hoje o quarteto de The Big Bang Theory não faz por menos. Filmes e séries com super-heróis estão no topo das bilheterias, e nunca foi tão legal possuir conhecimento enciclopédico sobre o tema. O mundo está em constante mutação, e a figura do nerd fã de quadrinhos passa a ser mais bem aceita e compreendida, festejada e aclamada. Eleanor e Park faz parte desse processo, fruto da mente criativa de uma autora sintonizada com os novos tempos, que mergulha num passado nem tão distante e ajuda na construção de um futuro brilhante.
Histórias de relacionamentos funcionam com base na identificação do público, e este público se enxergar em personagens com gostos similares aos seus é nada mais que natural e desejável. E para quem busca diversificar a leitura saindo da cota mensal de roupas coloridas, o livro (que saiu no Brasil sob o selo do site Omelete) não poderia ser mais recomendado.
Classificação
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