ENCONTRO FATAL
Editora: (Conrad Editora) - Edição especial
Autores: Milo Manara (texto e arte).
Preço: R$ 29,90
Número de páginas: 48
Data de lançamento: Setembro de 2009
Sinopse
Ameaçado por um agiota, um jovem aspirante a político italiano é obrigado a ceder a própria esposa por conta das dívidas que não consegue pagar, o que leva a moça a passar por uma sucessão de estupros.
Positivo/Negativo
Antes de prosseguir, faça como o resenhista: entre em um buscador da internet e procure pelas palavras-chave "sexo", "vídeo" e "estupro". No Google, dá pra ver que há 241 mil resultados - só em português.
Tudo bem que pode haver aí sites com vídeos que ensinam a se prevenir de estupros ou que combatem filmes de estupro. Mas, nas primeiras páginas, as citações são coisas como "Resultado para a busca: vídeos de estupro brutal", "Arquivo XXX - Sexo Bizarro | Estupros | Putaria Grátis | Animais ..." etc.
Isso serve pra deixar de lado as questões morais, éticas e policiais que envolvem o estupro e ir direto pro fato de que o sexo a força faz parte das fantasias do ser humano.
A arte pornográfica, que serve para alimentar essas fantasias, acaba refletindo isso.
Milo Manara, um dos maiores desenhistas de HQs pornôs (ou, pra usar o eufemismo mais usual, eróticas), volta e meia mostra o estupro em suas histórias.
Mesmo assim, Encontro Fatal é mais agressivo do que outros trabalhos do autor. Aqui, o estupro não parte do desejo incontrolável de um brutamonte ou de uma traquitana que manipula a mente alheia, e sim da corrupção e do dinheiro. Os elementos fantasiosos dão espaço para a dureza da realidade política italiana.
O álbum acaba carregando o peso de unir estupro e imoralidade. Fica mais denso, mais pesado que os demais.
Contudo, Encontro Fatal acaba se perdendo nos clichês. A ideia de que ninguém é bonzinho é um tema desgastado.
Manara é um grande desenhista, mas um roteirista apenas regular, e não consegue achar uma boa solução para escapar do lugar-comum das tramas políticas. O resultado é um desfecho pouco surpreendente - o que lima parte da força do álbum.
Encontro Fatal é um trabalho menor do autor, mas isso não chega a ser tão importante. Manara é um desses artistas que têm quase toda a sua obra publicada no Brasil - e isso é bom. O nosso mercado de quadrinhos se limita a celebrar a chegada das grandes obras, mas não dá tanto valor aos esforços de publicar um panorama mais extenso da bibliografia de um criador.
Manara, afinal de contas, é o Clic, é a série Bórgia, é Verão Índio, mas também é este Encontro Fatal. E, por essa aposta em trabalhos menores, a Conrad também merece colher seus louros - até porque chegou numa edição bonita e com preço justo.
Classificação: