EPIC MICKEY
Editora: Abril - Edição especial
Autores: Prólogos - Peter David (roteiro) e Claudio Sciarrone (desenhos);
Epic Mickey - Peter David (roteiro), Fabio Celoni e Paolo Mottura (desenhos) e Giuseppe Fontana e Massimo Rocca (cores).
Preço: R$ 14,95
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Março de 2011
Sinopse
Graphic novel inspirada no game Epic Mickey, em que o camundongo detetive de Patópolis vai parar num mundo extradimensional habitado por personagens esquecidos de Walt Disney.
Positivo/Negativo
Em 84 anos, muita coisa aconteceu com Osvaldo, o coelho sortudo.
Ele foi concebido por um Walter (Elias Disney) e "adotado" por outro (Lantz), quando a Universal Pictures tomou o personagem do primeiro. Fez sucesso com os dois "pais" em séries de desenhos animados. E mudou completamente de conceito e visual.
Chegou aos quadrinhos (os leitores brasileiros devem se lembrar dele no gibi do Pica-Pau, publicado pela Editora Abril nos anos 1970 e 1980). Caiu no ostracismo. E voltou à Disney.
Nesse retorno, o personagem reassumiu o antigo visual e, pela primeira vez, foi protagonista de uma HQ disneyana, atuando ao lado de Mickey Mouse (criado como uma resposta de Walt Disney à perda dos direitos sobre Osvaldo) nesta graphic novel baseada no game Epic Mickey, escrita por Peter David, aclamado roteirista de quadrinhos de super-heróis.
Mas se Osvaldo depender desta publicação especial para ganhar novos fãs e marcar uma volta triunfal, é melhor se acostumar com uma nova temporada no limbo.
A edição abre com seis HQs curtas, apresentando a cidade de Refugolândia - uma cópia da Disneylândia -, na qual moram os personagens esquecidos de Walt Disney e que foi criada pelo mago Yen Sid (anagrama óbvio de "Disney"), o mesmo de O aprendiz de feiticeiro.
São prólogos que preparam o terreno e acostumam o leitor com personagens, conceitos e situações cotidianas da cidade.
As cores vivas, a arte estilizada e o jeito de desenho animado (com muitos "tuns", "pofs" e cenas pastelões) dessas seis HQs de abertura são elementos importantes que criam o contraste para o roteiro sinistro e o visual sombrio da aventura principal.
O problema é que, apesar de necessárias à trama de Epic Mickey, essas histórias têm roteiros fracos e desenhos pouco atrativos.
Se o nada carismático Osvaldo é esquisito - sua "qualidade" de se desmembrar é bastante grotesca -, tipos bizarros como o Pato Donald e o Pateta metade robóticos, metade zumbis não combinam com a proposta de fazer rir que eles tentam (mas não conseguem) realizar.
Também paira no ar a pergunta: por que Clarabela, Horácio e João Bafo-de-Onça são tratados como personagens esquecidos e vivem na Refugolândia com o visual que tinham na década de 1930?
Afinal, eles continuam dando as caras regularmente nos quadrinhos Disney e, apesar de não ter um longo histórico de aparições em desenhos animados, não deixaram de fazer pontas nas animações durante esse tempo - Clarabela e Bafo até estiveram em Os Três Mosqueteiros, lançado em 2004.
A HQ principal, Epic Mickey, muda para melhor a qualidade da edição. A arte de Fabio Celoni, Paolo Mottura, Giuseppe Fontana e Massimo Rocca é excelente e o roteiro de Peter David consegue, enfim, empolgar.
Principalmente pela versão disforme do Mancha Negra, uma criatura gigantesca e monstruosa que destruiu Refugolândia e absorveu as cores da cidade.
Também há muitas referências a animações clássicas do camundongo e uma ou outra convincente tirada de humor. O Mickey trajado com o ridículo calção vermelho de bolinhas amarelas também não fica fora do contexto, posto que a trama é essencialmente baseada nos conceitos clássicos do personagem.
E a aventura ainda resgatou o gremlin Gus, personagem criado na década de 1940 para um desenho animado da Disney jamais lançado e que, apesar de ter estrelado algumas HQs, nunca havia sido publicado no Brasil.
Mesmo assim, a história tem alguns furos, como o fato de o Mickey não se lembrar de Horácio e Clarabela, mas não esquecer quem é (ou foi) João Bafo-de-Onça.
As últimas 13 páginas do álbum fecham tudo com diversas pequenas matérias cheias de informações sobre Osvaldo e outros personagens, além de uma lista com as citações cinematográficas do camundongo inseridas em Epic Mickey.
Os textos são bem elucidativos, mas poderiam ser mais completos. Na página sobre Gus, por exemplo, faltou informar que o personagem ganhou uma minissérie pela Dark Horse, em 2008. Ou que o termo "animatrônico", hoje tão popular, foi inventado por Walt Disney quando o cineasta resolveu criar uma das principais atrações de seu parque temático.
E para quem se interessa por videogames e gostaria de saber mais sobre aquele que inspirou esta graphic novel, a frustração ficou por conta da ausência de textos com informações técnicas ou gerais acerca do jogo, limitando-se a imagens de alguns personagens e suas descrições.
Decepções à parte, Epic Mickey é uma publicação histórica que, com o tempo, deverá ganhar o reconhecimento que os clássicos conseguem conquistar.
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