Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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ESTÓRIAS GERAIS

1 dezembro 2001

Estórias GeraisTítulo: ESTÓRIAS GERAIS (Edição independente) - Edição especial (formato álbum)

Autores: Wellington Srbek (roteiro) e Flavio Colin (desenhos).

Preço: R$ 7,90

Data de lançamento: Agosto de 2001

Sinopse: Na década de 1920, um jornalista chega a Buritizal, uma pequena cidade (fictícia) do norte de Minas, à margem do rio São Francisco. Sua missão era averiguar a história de Antonio Mortalma, um bandoleiro que apavorava os moradores locais.

O "moço das letras" coleta várias informações sobre a origem do bandido e, após ouvir afirmações de que ele seria o demônio ou teria parte com o dito-cujo, chega à conclusão que tudo não passava de exagerados relatos, motivados pela pouca cultura dos habitantes; e que aquela violência seria resolvida pela expedição comandada pelo Coronel Odorico Pereira.

Mas o seu guia (na verdade, um capanga disfarçado) o coloca cara a cara com Mortalma, num lugar completamente deserto. A partir daí, sua ótica sobre o assunto e os moradores do local passa a mudar, a cada novo personagem que é incorporado à trama.

Positivo/Negativo: O mineiro Wellington Srbek é um bom exemplo de existem, sim, bons roteiristas no Brasil. Ele narra com mestria os inúmeros fatos que vão se sucedendo, em páginas repletas de ação, tramóias e misticismo, numa história envolvente.

Cada um dos seis contos de Estórias Gerais é protagonizado por personagens diferentes, que vão sendo incorporados à trama fora de cronologia. Ao final, o roteirista amarra todas as pontas soltas de maneira muito competente.

Outro ponto positivo da obra é conseguir situar o leitor no clima "de época" da história, por causa dos cenários, das indumentárias, do linguajar usado pelo jornalista e pelo delicioso "mineirês" que os personagens mais simples falam o tempo todo.

O desenho de mestre Flavio Colin, pra variar, está "matando a pau". Além do seu incrível domínio das técnicas de luz e sombras, da velocidade que consegue impor à narrativa e da habilidade com que integra as onomatopéias à sua arte, é impressionante a facilidade com que ele retrata as expressões faciais dos personagens. Seu traço evidencia cada detalhe dos rostos, transmitindo, num arregalar de olhos, num mexer de lábios ou num franzir de testa, toda a emoção das cenas.

Estórias Gerais ficou 3 anos engavetada, porque nenhuma editora se interessou em lançá-la e o autor não tinha como bancá-la. Isso só foi possível, porque Srbek, depois de muito batalhar, conseguiu enquadrar a obra na lei de incentivo à cultura da prefeitura de Belo Horizonte. Uma maravilhosa empreitada, que possibilitou que o álbum custa apenas R$ 7,90, mesmo tendo 152 páginas (em preto e branco).

Um interessante texto de abertura, intitulado como Travessia, de Wellington Srbek abre a obra, enumerando as influências do autor. Não por acaso, Travessia é a última palavra de Grande Sertão Veredas, obra-prima de Guimarães Rosa e uma das mais belas canções de Milton Nascimento. Outra grande sacada!

Classificação:

4,0

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