EX MACHINA – VOLUME 4 – MARCHA À GUERRA
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: Brian K. Vaughan (texto), Tony Harris e Chris Sprouse (arte e capas), Tom Feister e Karl Story (arte-final), J.D. Mettler (cores) e Fábio Fernandes (tradução) . Publicada originalmente em Ex Machina # 17 a # 20 e Ex Machina Special # 1 e # 2, reunidas em Ex Machina - March to War.
Preço: R$ 19,90
Número de páginas: 148
Data de lançamento: Maio de 2010
Sinopse
Marcha à guerra - Com a guerra do Iraque, o prefeito Mitchell Hundred precisa lidar com passeatas pela paz, atos terroristas, questões políticas e pessoais.
Vida e morte - Durante uma polêmica entrevista, o prefeito se recorda de um perigoso vilão encontrado no tempo em que ainda era A Grande Máquina.
Positivo/Negativo
As duas histórias deste encadernado mostram como Vaughan equilibra as histórias de Ex Machina. A primeira, Marcha à guerra, foca em questões políticas e nos afiados diálogos, e Vida e morte lida com o passado do prefeito Hundred e contém mais ação.
Ex Machina reflete a realidade dos Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro de 2001. Seus personagens, em princípio simples, vão aos poucos se revelando, principalmente por estarem sempre em situações inusitadas. E o prefeito Hundred está, invariavelmente, no meio da tempestade.
A força motriz da trama é o malabarismo que o prefeito Hundred faz com todas as questões administrativas de Nova York. Tudo piora ainda mais quando os Estados Unidos declaram o início da guerra do Iraque. E é óbvio que a cidade o golpeia a cada momento com algo novo.
O roteiro aborda questões que, apesar de terem sido escritas há alguns anos (a história original é de 2006), se mantém extremamente atuais na sociedade norte-americana, como o medo, o preconceito, a intolerância e as transformações que a queda das Torres Gêmeas trouxe ao país. Leis como a do Arizona, que foram alvo de protestos recentemente, mostram o quanto o tema ainda é relevante e se mostra presente nos Estados Unidos.
Mitchell se esforça ao máximo para fazer o que considera a coisa certa, mas cada decisão que toma acaba causando efeitos colaterais, que ele carrega com muita culpa. Essa pressão, apesar de ser o que o motiva a buscar uma resolução para tudo que acontece, vai lentamente o consumido, pois os resultados nunca são totalmente positivos.
É este é o ponto forte da revista: sempre tem algo acontecendo, várias pontas soltas que se amarram, algumas bem rapidamente, sem dramas ou embromações, com ótimos diálogos.
Destaque para a cena em que o prefeito reúne vários líderes religiosos para uma conversa e os temas liberdade individual, preconceito religioso e política de "uma mão lava a outra" imediatamente toma conta.
No fim, ficam várias questões sobre como o governo deve agir em tempos de guerra e até onde vai a liberdade do indivíduo
Já em Vida e morte, a questão política serve apenas como plano de fundo para uma história de flashback, da época em que Hundred ainda era o super-herói A Grande Máquina.
Nela, Jack Pherson, um engenheiro de som consegue simular os poderes do futuro prefeito por acidente, mas, em vez de conseguir se comunicar com máquinas, ele ganha o dom de comandar animais.
A história, apesar de curta, flui bem. A arte de Chris Sprouse substitui à altura os desenhos de Harris. Muito interessantes as pistas sobre os mistérios da origem dos poderes de Mitchell e a forma com que os dons dele e de Jack se complementam.
O único problema é um pequeno furo de roteiro, pois, em dado momento, os poderes de Hundred não podem ser replicados por meio de gravações, mas, aparentemente, esse fato é esquecido no final.
Mas é um erro pequeno quando se considera o todo. Marcha à guerra cumpre o que promete: diálogos fortes, política, ação e avança a trama da história como um todo. Espera-se que a Panini leve a série adiante e até reimprima o primeiro encadernado, infelizmente esgotado, o que afasta novos leitores desta ótima série.
Classificação: