FANTASMA – CASAMENTO E LUA-DE-MEL
Título: FANTASMA - CASAMENTO E LUA-DE-MEL (Rio Gráfica e Editora) - Edição especial
Autores: Lee Falk (roteiro) e Sy Barry (desenhos).
Preço: variável, dependendo do sebo
Número de páginas: 96
Data de lançamento: 1979
Sinopse:Álbum de luxo com cinco histórias do Fantasma.
Em O pedido, o herói encara a mais dura missão de sua vida: pedir a mão de Diana Palmer em casamento.
As trevas orientais - Reprisando uma ação do nono Fantasma em 1710, o Espírito-que-anda terá que adentrar o reino das Trevas Orientais, onde os nativos adoram Zaal, o deus do terror. Mas se antes o problema era o seqüestro de indígenas de outras tribos para serem sacrificados ou escravizados, agora a questão envolve o tráfico de drogas e a produção de heroína.
Tarakimo - Diana, que trabalha na ONU, é enviada, em sua primeira missão, para Tarakimo, um país governado por um tirano que causará muitos problemas para a futura sra. Walker. Para sorte dela e de Sven, seu companheiro de viagem, um certo Fantasma decide deixar a selva para acompanhar os dois de perto.
O casamento - Finalmente, o Fantasma e Diana se casam, com direito a toda pompa e circunstância que a selva de Bangala pode proporcionar.
A lua-de-mel - Seguindo a tradição de seus antepassados, o herói leva sua esposa para passar a noite de núpcias na praia dourada de Keela-wee, onde a areia é de ouro quase puro, e há uma cabana de jade que foi presente de um imperador para o sétimo Fantasma. Em seguida, o casal passa alguns dias no Éden, mas claro que não poderão apenas curtir a paradisíaca paisagem.
Positivo/Negativo: Um ano antes de lançar esta belo álbum, em capa dura, a RGE havia publicado o casamento e a lua-de-mel do Fantasma em revistas separadas.
A primeira coisa a ser notada nesta edição está na página 4, no expediente: "Os direitos deste álbum no Brasil pertencem à Editora Brasil-América (Ebal), que gentilmente nos cedeu para a realização desta obra." Dá para imaginar algo nesse nível de cordialidade hoje?
E, vale ressaltar, que durante muito tempo Adolfo Aizen (Ebal) e Roberto Marinho (dono das Organizações Globo) foram não apenas concorrentes, mas desafetos!
O álbum começa com uma boa matéria contando a mitologia do personagem, mas é curioso notar que quando o texto faz referência ao casamento do herói, usa a data em que saiu no Brasil, 1978 (nos Estados Unidos foi um ano antes), ignorando o fato de as tiras trazerem o copyright com o ano da publicação original.
As histórias desta edição - todas publicadas originalmente em tiras de jornais - são todas num clima bem pueril, sem estratagemas mirabolantes. É ação com um pouco de humor, romance e suspense. E os fãs adoravam!
Em O Pedido, Lee Falk brinca várias vezes com a insegurança do Fantasma em pedir Diana em casamento. O garoto Rex e até os espíritos de seus antepassados ficam dizendo, a todo momento: "Peça! Peça! Peça!".
As situações vão se sucedendo e sempre, na hora "H", algo dá errado. O herói só toma coragem quando os dois estão esquiando sobre dois golfinhos e, ao ouvir o sonhado pedido, Diana cai na água, num "caldo" daqueles.
Nesta aventura, Diana veste o traje de Fantasma que a irmã gêmea de um antepassado do herói usou quando ele foi ferido.
As trevas orientais é a melhor HQ do álbum. Lee Falk mostra sua habilidade nos roteiros ao modernizar o perigo que espreita as tribos de Bangala. Se no passado os adoradores de Zaal escravizavam ou matavam esses nativos, agora fornecem heroína para eles, viciando-os.
O Fantasma resolve a parada com muita astúcia e alguma ajuda de seus músculos. E, claro, não faltam os famosos ditados da selva, como "O Fantasma se irrita com pessoas irritantes" ou "A voz irada do Fantasma gela o sangue do tigre".
A terceira história, Tarakimo, é uma alusão aos ditadores do mundo africano. Mas nesta ficção, óbvio, o tirano em questão se dá mal ao ameaçar Diana Palmer.
Em O casamento, o humor volta à carga. As seqüências em que a mãe de Diana dá chiliques ao ouvir o futuro genro pedir a mão de sua filha e ao saber que o casamento será na selva são bem engraçadas. Ela é a típica sogra! Destaque para a onomatopéia de choro usada na época: "Esnif!"
De resto a aventura vale, evidente, pelo fato de ser o primeiro casório de um herói uniformizado e pelos convidados, vários coadjuvantes famosos e até o mágico Mandrake, outra criação de Lee Falk.
Fechando a edição, A lua-de-mel mostra a curtição do casal (exceto "naqueles" momentos) no Éden. Para não ficar só no oba-oba, Falk colocou o Fantasma e Diana em perigo em três oportunidades: fugindo de leões famintos, de ferozes tubarões e dando uns sopapos em bandidos.
No fim, ao melhor estilo "casal moderno", Diana volta para os Estados Unidos e o Espírito-que-anda fica em Bangala, à espera do retorno de sua amada.
Além dos textos competentes de Falk, todos os desenhos trazem o padrão de estética do Fantasma: anatomicamente perfeitos e com cenários que até bem trabalhados, especialmente se for levado em consideração o espaço diminuto das tiras.
O álbum tem a participação de dois brasileiros: Waldir Amaral fez a bela capa e André LeBlanc (haitiano de origem, mas naturalizado), os desenhos do casamento. Mas não foi creditado por isso. Na época, ele integrava o estúdio de Sy Barry, que tinha o nome assinado em todas as tiras. Mas reza a lenda que Lee Falk teria ficado impressionado com a bela arte de LeBlanc, especialmente na flora e na fauna retratadas.
Apesar de não ser uma obra-prima no quesito qualidade, Fantasma - Casamento e Lua-de-mel é uma edição caprichada no aspecto gráfico e marcante, por trazer um momento tão importante das HQs, especialmente pelo fato de, atualmente, os casamentos nos quadrinhos estarem tão banalizados. Vale a busca nos sebos.
Classificação: