FELL - A CIDADE BRUTAL – VOLUME 1
Autores: Warren Ellis (roteiro) e Ben Templesmith (arte).
Preço: R$ 33,00
Número de páginas: 148
Data de lançamento: Agosto de 2008
Sinopse: Rich é um detetive de polícia recém-transferido para Snowtown, um lugar sombrio às margens da sociedade, onde andar fora da lei parece ser o correto.
Num lugar assim, Rich luta por justiça e, também, para sobreviver.
Positivo/Negativo: Ao lado de Sam Noir: Detetive Samurai, Fell marca a estréia da editora Landscape no mercado de quadrinhos. Mas, diferentemente da outra obra, esta é uma ótima HQ.
A começar pela dupla criativa: Warren Ellis (Planetary, Authority) e Ben Templesmith (30 Dias de Noite).
Ellis é famoso pelo seus roteiros inteligentes e HQs revolucionárias. Em todos os títulos pelos quais passou, deixou uma legião de fãs. Já Templesmith é dono de uma arte impressionante, ao mesmo tempo bela e incomoda ao leitor, pois deixa uma sensação de desconforto que combina perfeitamente com o tipo de história que ilustra.
A parceria dos dois funciona perfeitamente em Fell, que mostra o dia-a-dia do detetive Rich, recentemente transferido para a tenebrosa Snowtown.
O álbum compila as oito primeiras edições originais norte-americanas, que apresentam os personagens e mostram os casos iniciais de Rich na cidade, além de seu relacionamento com a dona do bar Mayko.
Há alguns elementos recorrentes nos gibis, como a marca de Snowtown, que teria poderes mágicos, mas cada edição é uma história fechada idealizada por Ellis para ser lida sem a necessidade de se ter acompanhado os números anteriores.
Dessa maneira, os autores quebram um pouco a dinâmica do mercado norte-americano mainstream, calcado na idéia da cronologia e histórias contadas em arcos de vários revistas.
E cada uma dessas tramas mostra um pedaço sombrio de Snowtown. Nelas, Rich lida com psicopatas, assaltantes, pedófilos e loucos de todos os tipos. Mas, o mais importante, é a loucura que vai assolando o protagonista.
A cada capítulo fica mais claro que, cedo ou tarde, Snowtown acaba corrompendo seus moradores. É como Mayko o alerta: "esta cidade vai matar você, detetive".
A arte de Templesmith está acima da crítica também. As histórias não são de terror tradicional, gênero ao qual o desenhista está acostumado, mas podem ser consideradas de um terror psicológico, ainda mais assustador. Assim, seus desenhos caóticos e escuros dão o tom ideal à narrativa.
Tanta qualidade conferiu aos autores a indicação ao prêmio de Melhor Série Contínua no Eisner de 2006; e a Templesmith a de Melhor Pintor/Artista Multimídia no Eisner de 2007. Mas eles não foram laureados em nenhuma das ocasiões.
A edição brasileira é competente. Graficamente muito bem acabada com reserva de verniz na capa, formato 16 x 24 cm e 148 páginas coloridas. E com um justo preço de R$ 33,00.
Há também um texto no final do livro, do editor brasileiro Mauricio Muniz, falando sobre as experimentações de Fell. Bem como biografias dos autores. Como ponto negativo há de se ressaltar alguns erros de revisão, como na primeira página do gibi onde, em vez de "cheiro", está grafado "cheito".
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