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FETICHAST - PROVÍNCIAS DOS CRUZADOS

1 dezembro 2007


Título: FETICHAST - PROVÍNCIAS DOS CRUZADOS (Devir
Livraria
) - Edição especial

Autor: J. Márcio Nicolosi (roteiro e desenhos).

Preço: R$ 29,90

Número de páginas: 112

Data de lançamento: Julho de 2007

Sinopse: Num país conhecido como Fetichast, uma elite pensante e exploradora controla as classes baixas pela repressão policial e com a programação de baixo nível da televisão.

Mas, no seio dos oprimidos, nascem formas de combater o estado, como o tráfico ilegal de fitas de vídeo.

Positivo/Negativo: A Devir publicou, sem muito alarde, Fetichast - Província dos Cruzados, álbum nacional de J. Márcio Nicolosi. A história é o segundo episódio da série, iniciada em 1991, na coleção Sampa Graphic Álbum, com Fetichast - Províncias do Desejo, ganhadora do troféu HQ Mix de melhor edição nacional daquele ano.

Fetichast é uma fábula pouco sutil sobre a realidade brasileira. Nela, o povo é dominado por um imperador corrupto e opressivo e sua programação de TV. Os mais pobres se rebelam consumindo "drogas", que na verdade são vídeos de filmes proibidos, ou mesmo num fracassado levante armado.

A trama é um pouco confusa, mas eficaz no que se propõe, que é mostrar as mazelas do Brasil e de sua programação de TV. Os personagens principais são crianças pobres no meio de todo uma revolução cultural nas Províncias.

Enquanto o governo prepara um programa com celebridades enjauladas e filmadas 24 horas por dia, intitulado Zôo Yú Mânu, um lusitano produz um filme e tenta reviver a magia do cinema.

No teor de sua crítica, a obra às vezes é um pouco maniqueísta, mostrando cinema "bom" e TV "má", mas, na maioria do tempo, incomoda o leitor, pois mostra, sem sutilezas, aspectos deploráveis de nossa cultura e do País, como crianças pedindo dinheiro no farol ou violência sexual em família.

Nesse sentido, a HQ atinge o que se propôs: conscientizar e criticar. Contudo, em determinados momentos, a trama fica arrastada, chata até, por causa disso. Há ausência de um conflito mais forte, de uma revolução efetiva.

Um detalhe sobre a expressividade dos personagens: os mais instruídos falam num português correto, enquanto os humildes se comunicam com gírias, de um jeito mais largado. Esse recurso é totalmente verossímil e bem utilizado, mas atravanca muito a leitura.

A arte de J. Márcio Nicolosi é muito boa, inteira feita a lápis e em tons
de cinza. No que tange à diagramação dos quadrinhos, ousa pouco, mas isso
porque o autor imita o espaço do enquadramento da televisão. Um aspecto
interessante é que para marcar o fim de um episódio da trama há algumas
tirinhas com uma arte diferente, mostrando a versatilidade do desenhista.

Classificação:

4,0

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