FRACASSO DE PÚBLICO - HERÓIS MASCARADOS E AMIGOS ENCRENCADOS
Autor: Alex Robinson (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 38,00
Número de páginas: 240
Data de lançamento: Novembro de 2009
Sinopse: Sherman é um atendente de livraria que pretende se tornar um escritor. Seu melhor amigo Ed, um quadrinhista amador, sonha em trabalhar para a Zoom Comics. Mas o único emprego que consegue é como assistente de um dinossauro dos quadrinhos que, nos anos 40, criou o Nightstalker, o mais famoso super-herói do mundo.
O problema é que, hoje, o velho artista vive na miséria depois que a Zoom lhe "comprou" o personagem.
Sherman acabou de se mudar para um quarto alugado na casa de Stephen e Jane. Ela é uma quadrinhista que acaba de ser contratada para fazer uma graphic novel sobre a famosa feminista Emma Goldman. Ele é um professor universitário boa praça.
Os quatro estão tentando sobreviver no caos da cidade de Nova York em meio a empregos ruins, namoros fracassados, o mundo da cultura pop e o lado sombrio da indústria dos quadrinhos.
Positivo/Negativo: Fracasso de Público é uma das grandes historias desta década. Alex Robinson criou um clássico sobre o dia a dia de jovens adultos no caos de uma grande metrópole.
Desde problemas com o chefe, até discussões de relacionamento, todo o cotidiano está presente da mesma forma como ele acontece na vida real, cheio de acasos, alguns dramas e bastante humor.
O roteiro é todo enraizado na realidade de seus personagens. E, assim como eles, a historia procura não se levar a sério demais. Tudo sem grandes questões existenciais ou problemas mirabolantes. Os diálogos de Robinson são tão naturais quanto os seus personagens, que são a grande força da trama.
Robinson apresenta tipos que são tão humanos quanto o próprio leitor. Neste primeiro volume, cada um dos personagens principais tem o seu momento no holofote. E o resultado é que, logo nas primeiras páginas, o leitor já se sente envolvido com as vidas de Sherman, Ed, Stephen e Jane.
O autor ainda faz questão de deixar que eles falem por si próprios. Ao longo do álbum, Robinson introduz pausas para fazer perguntas diretamente aos personagens, deixando que as suas respostas falem um pouco mais sobre cada um. Essa ação contribui para humanizá-los ainda mais.
Todo esse trabalho de caracterização não fica restrito ao núcleo principal da trama. Cada coadjuvante de Fracasso de Publico é tão complexo quanto o mundo em que eles vivem.
A história, que começa numa narrativa única, vai se dispersando em diversas subtramas que traçam um retrato desses jovens. Dentre elas, os bastidores da indústria dos quadrinhos é apenas a cereja do bolo.
O traço do autor é um encontro perfeito para a história que conta. Uma mistura de cartunesco com contornos realistas. A Nova York de Robinson é cheia de detalhes. Os quartos bagunçados, a sujeira de uma festa, uma livraria lotada, todos os cenários realmente fazem parte desse contexto.
Pode-se dizer que Fracasso de Público é um épico do cotidiano. O álbum conquistou os principais prêmios dos quadrinhos do planeta, do Eisner ao Gran Prix no Festival de Angoulême.
Ter sido laureado em eventos com tradições tão díspares atesta que Alex Robinson criou uma história que conseguiu atrair a atenção de toda uma indústria.
O tratamento dado ao trabalho é digno do seu conteúdo. Com poucas e ótimas publicações, a Gal se consolida como uma ótima pedida no mercado dos quadrinhos.
Mas ainda há o que melhorar. Faltou, por exemplo, informar ao leitor, de forma mais clara (talvez na capa), que a historia não está completa - isso é indicado pelo número 1 na lombada e uma menção na quarta capa.
Além disso, passaram pela revisão alguns erros bobos, como: "lisongeiro" (página 167), "guarda-napos" (203), "sequêncial" (213) e "tridimencionais" (215). Também houve indefinição quanto ao uso da Nova Ortografia: a palavra ideia, por exemplo, foi grafada várias vezes com o acento agudo, mas as palavras que tinham trema já aparecem sem o sinal gráfico.
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