Autora: Aurélia Aurita (texto e arte).

Preço: 16,00 euros

Número de páginas: 192

Data de lançamento: Setembro de 2007

Sinopse: Na continuação de Morango e chocolate, Chenda e Frédéric estão juntos em mais alguns capítulos de sua vida a dois.

Dividindo-se entre a Europa e o Japão, os dois vão encarar uma internação num hospital (e a conseqüente overdose de tesão causada pela glicose injetada na veia), um vizinho preconceituoso, o lançamento do álbum Mariko Parade e até uma crise de ciúme provocada por um convite para que Frédéric viaje ao Brasil.

Positivo/Negativo: No ano passado, a Casa 21 lançou no Brasil o ótimo Morango e chocolate. Na mesma época, a França viu chegar às suas livrarias o segundo volume da obra.

Fraise et chocolat 2 é uma continuação direta do primeiro volume. De novo, Aurélia Aurita conta uma série de histórias eróticas autobiográficas em que revela, por meio de desenhos simples, numa linha quase naïf, os bastidores de seu relacionamento com o quadrinhista Frédéric Boilet.

Boilet é um autor com certa fama aqui e lá fora. No Brasil, já publicou pela Conrad O espinafre de Yukiko e Garotas de Tóquio. Na Europa e no Japão, tem o reconhecimento de ser criador do movimento Nouvelle Manga, que une as tradições nipônicas e franco-belga de quadrinhos.

Em sua HQ, Chenda satisfaz um lado voyeur do leitor, ao revelar explicitamente detalhes da vida privada de um casal. Escancara o ciúme que sente das musas do namorado, mostra explicitamente o que faz com o sêmen ejaculado e até se põe na posição de ninfeta oriental particular (de 25 anos) do artista francês (45 anos).

Pode ser que seja mentira, que a autora, de propósito, distorça os fatos para mexer com a fantasia de quem está do lado de cá. Mas sua diferença é o discurso que tenta se construir com sinceridade. Para isso, se calca em verdades, como o lançamento de Mariko Parade e a vinda de Boilet ao Brasil no 4º FIQ.

Não tem nada a ver com as grandes musas das HQs européias, com as mulheres perfeitas de Milo Manara ou com a voluptuosidade fatal de Druuna. Ela desenha o próprio corpo com poucas curvas. É quase uma tábua. Em compensação, é na narrativa e nos diálogos que revela sua energia sexual, que só não parece insaciável porque, como uma mulher de verdade, se cansa, xinga, reclama e tem seus surtos.

Não é na pornografia voraz que Fraise et Chocolat 2 revela suas mais brilhantes intenções. É na tentativa de contar algo que se parece com a verdade. Se Aurélia mente, é uma grande mentirosa: revela seus defeitos e suas chatices para tornar o discurso mais plausível.