Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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FRAY

1 dezembro 2012

FRAY

Editora: Dark Horse Comics - Edição especial

Autores: Joss Whedon (roteiro), Karl Moline (desenhos), Andy Owens (arte-final) e Dave Stewart (cores).

Preço: US$ 19,95

Número de páginas: 216

Data de lançamento: Novembro de 2003

 

Sinopse

Num futuro distante, Melaka Fray é a melhor e mais experiente ladra em atividade, com agilidade e força sobre-humanas. Ela ganha a vida realizando pequenos furtos numa sociedade infestada por mutantes violentos e criaturas deformadas.

Mas Fray não imagina a terrível verdade que definiria seu destino: aquelas criaturas são um fenômeno sobrenatural conhecido como vampiros. E ela é a escolhida para combatê-los. Ela é a Caçadora.

Positivo/Negativo

Joss Whedon é um dos nomes mais badalados da indústria do entretenimento. Como diretor da adaptação cinematográfica de Os Vingadores, ele se tornou o centro das atenções, tanto dos mais devotados apreciadores de super-heróis nos quadrinhos quanto de quem apenas curte um bom blockbuster hollywoodiano.

Além disso, Whedon criou uma das mais cultuadas séries televisivas de todos os tempos, Buffy - A Caça-Vampiros, e tem no currículo o roteiro de filmes como Toy Story e Alien - A Ressurreição.

Para a Marvel, ele escreveu uma aclamada fase dos heróis mutantes em Os Surpreendentes X-Men. Mas sua primeira incursão no mundo dos quadrinhos ocorreu alguns anos antes, na minissérie em oito capítulos Fray, publicada pela Dark Horse.

Expandindo o universo de Buffy para um futuro distante, Fray reuniu os mais significativos elementos do trabalho de Whedon, conquistando novos fãs com sua heroína cheia de personalidade.

Com o sucesso do seriado nas telinhas, a Dark Horse já publicava uma revista de Buffy, mas sem o envolvimento de Joss Whedon. Foi apenas por volta do ano 2000 que o editor Scott Allie começou a discutir com o autor a possibilidade de ele escrever uma minissérie própria, que a princípio seria estrelada pela bad girl Faith, uma popular caçadora do universo do seriado da caçadora de vampiros.

Mas logo o projeto evoluiu para a história futurista de Fray que, por não contar com personagens da televisão, teria os direitos autorais pertencentes ao autor.

E Whedon conseguiu trabalhar os elementos mais marcantes da mitologia de Buffy num universo inteiramente transformado, com carros voadores, um sistema monetário distinto, perigosas gangues de rua e criaturas mutantes.

Melaka Fray, introduzida numa cena de ação bem conduzida na abertura da primeira história, não guarda muitas semelhanças com sua antecessora além de, a princípio, não ligar para seu destino como caçadora. Personagens bem construídos são uma marca registrada de Whedon, e não faltaram nesta obra.

Além da virtuosa e relutante ladra escolhida para livrar o mundo das criaturas das trevas, a minissérie, aqui encadernada num único volume, ainda conta com um bom elenco de apoio, sobretudo nas figuras de Unknown, monstro que atua como mentor da caçadora; Erin, irmã de Faith que trabalha como policial; e Loo, uma garotinha que fala sem parar.

Fica evidente o esforço de Whedon para compor uma ambientação única para seu universo, que só tem a ganhar com personalidades marcantes. Os vampiros, que eram conhecidos como "lurks" (furtivos), estavam se empenhando na execução de um grande plano que ameaçava toda a humanidade.

O interessante é que os sugadores de sangue estavam totalmente esquecidos, e nem as lendas sobre como exterminá-los são lembradas. Fray já havia confrontado um vampiro no início da adolescência, quando perdeu o irmão gêmeo. Tais elementos dramáticos compõem o cerne da trama, explorando temas como amadurecimento, amizade, relações familiares e honra.

E admirável o quanto o criador se afastou da personagem original, ainda que mantendo vivas as características de sua mitologia.

Buffy - A Caça-Vampiros sempre foi marcada pela mescla do fantástico com cenas do cotidiano. A heroína frequentava o colégio e saía para dançar entre as caçadas, conversava sobre os estudos com sua dedicada mãe e tinha nas figuras de Xander e Willow dois amigos fiéis. Além disso, o romance impossível com o vampiro bonzinho Angel deixava as coisas ainda mais interessantes quando a turma precisava impedir o fim do mundo.

Em Fray, este elemento de familiaridade está ausente. A caçadora do futuro não tem o ar de menininha superpoderosa de Buffy, tampouco seus ambientes domésticos e adolescentes, ou um interesse afetivo problemático. Ela é totalmente dedicada ao trabalho, seja o de ladra ou o de salvadora da humanidade, e habita uma realidade perigosa na qual não resta tempo de curtir a vida.

Na arte, Karl Moline realizou um trabalho de fôlego, com um traço estilizado que funciona perfeitamente em cenas de ação e é fundamental para criar a fisionomia da heroína.

Fray teve mais uma história publicada na época da minissérie, na antologia Tales of The Slayer, e quando Joss Whedon assumiu os quadrinhos de Buffy para a oitava temporada não filmada, as duas caçadoras finalmente foram reunidas.

Para todos os fãs de Buffy, aqueles que curtem uma trama diferenciada com vampiros, apreciadores de ficção científica futurista ou para quem apenas gostaria de conhecer melhor o trabalho de um dos maiores talentos do mercado, Fray é uma ótima pedida.

 

Classificação:

4,0

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