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FREW # 1276 - THE PHANTOM VS. SINGH 2050

1 dezembro 2005


Título: FREW # 1276 - THE PHANTOM VS. SINGH 2050 (Frew)
- Revista sem periodicidade regular

Autores: Claes Reimerthi (roteiro) e Hans Lindahl (desenhos).

Preço: Aust $ 2,20

Número de páginas: 40 páginas.

Data de lançamento: final de 2000

Sinopse: Liderados por uma figura misteriosa, os Singh, uma antiga sociedade devotada ao mal e à pirataria, ressurge no ano de 2050 para, desta vez, ameaçar todo o planeta Terra com um verdadeiro cataclismo ecológico.

Apenas uma pessoa pode impedi-los: seu maior inimigo há quatro séculos, o Fantasma.

Na verdade, o herói é o 23º Espírito-Que-Anda, neto do "nosso" Fantasma, que continua a cruzada da família cinco décadas no futuro, num mundo dominado por alta tecnologia e grande sede de poder. Munido apenas com suas habilidades, este Kit Walker é a última esperança da humanidade.

Positivo/Negativo: Esta aventura não tem quaisquer relações com o desenho animado Fantasma 2040, produzido na primeira metade da década de 1990 pela Hearst. Ela foi criada pela editora escandinava Egmont, responsável por cinco décadas das melhores histórias em quadrinhos do Espírito-Que-Anda.

The Phantom vs. Singh 2050, na verdade, veio justamente para comemorar os 50 anos da revista Fantomen com uma premissa, no mínimo, única: mostrar uma aventura imaginária do neto do "nosso" Fantasma, 50 anos no futuro.

O escritor Claes Reimerthi foi ousado o bastante para criar um cenário futurista verossímil o bastante para o seu Fantasma transitar sem esbarrar nas comparações óbvias com a série de TV já citada, principalmente no tocante ao herói que, diferente da versão animada (na qual era o 24º Fantasma), apresenta pouca variação no uniforme e nenhum recurso de tecnologia como canhões de plasma e coisas do tipo.

A única mudança gritante é a inclusão de óculos num formato quase insectóide no lugar da tradicional máscara negra. É curioso ver o Fantasma sendo explorado no campo da ficção científica, algo feito em raras ocasiões nas tiras pelo criador do personagem, Lee Falk. Mas a dupla de criadores soube tirar isso de letra.

Ao manter os recursos tecnológicos afastados do Fantasma e mexendo pouco no visual, Reimerthi ganhou muitos dos fãs que ficaram desgostosos com a série de TV. Sua trama também é plausível e, ao inserir os Singh no futuro, ele continua contando uma história do herói como os leitores apreciavam.

É como uma das aventuras nas quais o Fantasma se senta pra ler um dos registros de seus antepassados, só que a ação se passa no futuro. De quebra, ainda há um prólogo com o 21º Espírito-Que-Anda enfrentando os Singh em nossos dias e descobrindo que um terrível mal se abateu sobre seu líder atual, Dogai Singh.

Ciente de se tratar de uma aventura isolada - a editora não tinha planos de investir nessa linha -, o escritor também acerta ao não permear a trama com muitos coadjuvantes e ao apresentar como seria a vida "social" desse Fantasma. Ganha quem gosta de ação, pois o personagem faz jus ao antigo jargão de família "o Fantasma trabalha sozinho".

Hans Lindahl é um dos maiores artistas da Egmont e mostra por quê: seus quadros são muito bem desenhados, com uma dinâmica viva na movimentação dos personagens e uma tensão constante em suas expressões.

Prestando uma homenagem aos artistas Ray Morre e Wilson McCoy, Lindahl ainda apresenta este Fantasma em seu disfarce de Sr. Walker usando um sobretudo listrado, tal como a "velha guarda" fazia. Mais um elemento de identificação que muitos fãs saudosistas gostaram.

Leitura acima da média, como é costumeiro na produção da Egmont. A aventura foi lançada na Austrália pela editora Frew, neste número com 44 páginas de HQ.

A Frew também edita o Fantasma há várias décadas, chegando a ter 31 revistas lançadas anualmente numa periodicidade variada. O padrão, porém, é um pouco inferior ao original europeu: miolo em preto-e-branco, papel jornal e a arte de capa, de Glenn Ford, fica muito a desejar, principalmente, quando se vê o maravilhoso conteúdo assinado por Lindahl.

Nada que prejudique a aventura, principalmente levando-se em conta que as edições australianas são o único recurso para se ler as ótimas histórias da Egmont em inglês... a menos que você saiba sueco, finlandês ou norueguês.

Uma curiosidade: as editoras Globo e RGE chegaram a lançar diversas histórias da Egmont no Brasil durante seu período com o Fantasma. Vale uma busca pelos sebos.

Classificação:

4,0

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