FULÙ # 1 – O SORTILÉGIO
Autores: Carlos Trillo (roteiro) e Eduardo Risso (arte).
Preço: variável, dependendo do sebo
Número de páginas: 48
Data de lançamento: 1992
Sinopse: Numa captura de escravos na África, a bela negra Fulù parece hipnotizar os dois homens que a perseguem. Mais tarde, por excesso de "mercadoria" no navio, ela deveria ter sido deixada para trás, mas o capitão, praticamente enfeitiçado, faz com que ela viaje acorrentada na cabine dele.
Fulù deixa o navio, mas o capitão, que não conseguiu sequer tocá-la durante a viagem, se enforca por ter que entregá-la ao mercador que a venderá num leilão de escravos.
Comprada por uma rica mulher para suprir a ausência que a morte de um cão deixou na vida de sua filha, Fulù passa a ser humilhada por sua jovem "dona", ao mesmo tempo em que desperta o desejo de todos os homens do lugar.
E quando a escrava passa a ser brutalmente castigada, com chibatadas, seus olhos mostram que aquilo não ficaria assim.
Positivo/Negativo: O Sortilégio é o primeiro álbum da personagem Fulù, uma beldade imaginada por Carlos Trillo que ganhou forma nos traços de Eduardo Risso. Mas, mais do que linda e sensual, a personagem emana uma aura de misticismo que a acompanha durante toda a história.
Esse quê de bruxa de Fulù é demonstrado logo nas primeiras páginas, quando dois homens mostram-se entre temerosos e ávidos de desejo no momento de capturá-la. E ganha força quando, a cada leilão em que ela é disputada por quantias exorbitantes, negros mais velhos orientam - sem sucesso - seus patrões a não a comprarem, por pressentirem a tragédia a caminho.
Neste primeiro volume, Carlos Trillo deixa essa dúvida no ar o tempo todo. O autor não explica se ela tem mesmo poderes ou é apenas extremamente inteligente - como demonstra do meio para o final da trama. E esse mistério torna a leitura ainda mais prazerosa.
Na arte, o traço de Eduardo Risso ainda não era tão marcante quanto é hoje, mas o desenhista já demonstrava que domina como poucos as técnicas de narrativa de uma história em quadrinhos. Ele movimenta a "câmera" em tomadas inusitadas e sempre procura ousar na diagramação dos quadros. Sintetizando: com Risso não há mesmice no visual.
O álbum termina deixando claro que as desventuras de Fulù estavam apenas começando. Pena que a editora portuguesa Meribérica/Líber publicou apenas os dois primeiros tomos; e a Asa não deu continuidade à série, como fez com outros títulos antes publicados pela Meribérica.
Como foram cinco álbuns no total, para ler o final da saga dessa estonteante negra só recorrendo a edições importadas. As francesas, da Glénat, são as mais fáceis de serem encontradas (o site oficial tem todos à venda).
A trama nos volumes seguintes passa por diversas reviravoltas e Fulù ganha cada vez mais força como personagem, o que só reforça o talento dos argentinos Trillo e Risso.
Classificação: