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Reviews

Gata Garota – Volume 1

3 julho 2015

Gata Garota – Volume 1Editora: Nemo – Edição especial

Autora: Fefê Torquato (roteiro e arte).

Preço: R$ 37,90

Número de páginas: 160

Data de lançamento: Fevereiro de 2015

Sinopse

Além dos seres humanos, existem os seres gatos. Gigi, uma gata-garota, é a mais sensata do seu clã, o que não a livra dos problemas (e benefícios) de pertencer a essa raça.

Positivo/Negativo

E se misturassem Betty Boop com Gato Félix? Dando uma pegada mais forte para o estilo vintage dos anos 1940? Esse é resultado do álbum Gata-Garota – Volume 1, de Fefê Torquato.

Que fique claro desde o início: este quadrinho é uma ode aos gatos. A autora idolatra os felinos e colocou cuidadosamente cada característica deles. Cada um dos 13 episódios que formam esta homenagem é repleto de seus trejeitos, deixando a leitura extremamente prazerosa para aqueles que também integram este fã-clube.

Ao mesmo tempo, este é um defeito da HQ. Afinal, o fato de haver tantas referências ao comportamento dos gatos, às vezes pode criar uma espécie de “piada interna”, que só vai ser entendida por quem também convive com os bichanos. Isso limita consideravelmente a gama dos leitores.

Gata Garota – Volume 1 é a história de Gigi, um ser meio gato, meio gente, que se transforma quando quer, ou quando seus impulsos felinos mandam. O problema é que o livro, inicialmente, não tem uma história em si, o que deixa o álbum confuso.

Os 12 primeiros capítulos são histórias curtas, quase num esquema de tirinhas, com início, meio e fim, cada uma dando ênfase a uma determinada característica. Apenas no 13º e último episódio, a trama começa a ser trabalhada e até deixa um gancho para uma continuação.

Esse enredo maior pega elementos que são apresentados nos capítulos anteriores, como a personalidade da protagonista, inclusive como ela muda quando se transforma em gata-garota, o namorado da Gigi e suas amigas. Daí são apresentados a sua família e o funcionamento da comunidade gatos-gente.

O clã possui duas características opostas à humana: é matriarcal e o padrão de beleza é ser gordo e peludo.

Os gatos-gente colocam a matriarca no poder por ela parir vários gatos em uma gestação, sendo responsável pela perpetuação da espécie. Logo, pode ter quantos parceiros forem necessários para isso.

Outro acerto é quanto ao padrão de beleza ser gatos corpulentos e peludos. Afinal, raças como Persa, British Shorthair, Angorá, Himalaio e Maine Coon são as favoritas e vistas com mais admiração.

Na história, Gigi é punida por salvar uma garota em público, sendo vista por várias pessoas, o que é terminantemente proibido. Como punição, ela fica proibida de se transformar, tendo que suplicar à sua prima/irmã, chefe do clã, pela sua absolvição.

Então surge um fato curioso: a matriarca é Fefê, a autora, sendo temperamental quando gata, punindo quem a contraria, mas um doce quando gente.

A descrição da sua primeira aparição é: “Ela, à qual ninguém se iguala. A mais bela e hipnotizante. De cabelos macios que todos querem, mas não ousam tocar. Ela é o sinônimo mais perfeito e redundante da palavra “perfeição”. O grande ícone intocável da comunidade gatos-gente e das outras comunidades do universo, que ela categoricamente despreza, e pelas quais é idolatrada...”.

A história só possui tensão pra valer no final, quando surge um novo clã, balançando o status quo.

A linguagem de Gata-Garota é recheada de internetês. Há vários balões com OMG, Risos, SQN e LOL. Tudo devido à sua origem ser a própria webneste site dá para acompanhar toda a história.

Isso também explica o formato dos capítulos serem tão independentes. No entanto, a Nemo poderia ter buscado um tratamento editorial para diminuir esse estranhamento, pois o material é bom.

A arte é linda, incrível. A mestria de Fefê no uso do preto, do branco, do cinza, de padrões e texturas torna o visual encantador. Existem vários quadros dignos de contemplação.

Torquato retrata os gatos com requinte e sensualidade. Tem um ar meio noir e, ao mesmo tempo, meio fofinho, quebrando um pouco a languidez.

Na arte, o preto e branco são o yin e yang. Eles se complementam em grande simetria e a diagramação impecável das páginas ajuda, e muito, na narrativa. É uma pena o roteiro ser tão deficiente, pois o casamento de ambos seria explosivo.

Enfim, é uma leitura predominantemente curiosa. Daquelas para conferir o que vai acontecer. Faltou uma transição entre as histórias curtas e a mais trabalhada, mas dá para acreditar que o segundo volume será superior.

A impressão em formato 20 x 32 cm, em brochura, capa cartonada, com 160 páginas e papel couché valorizou bastante o álbum. Uma dica é lê-lo com os dedos bem limpos, para não deixar aquelas marcas horrorosas de digitais nele.

Classificação

3,5

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