Gatecrasher – Ring of fire
Editora: Black Bull Entertainment – Edição especial
Autores: Mark Waid e Jimmy Palmiotti (roteiro), Amanda Conner (desenhos), Jimmy Palmiotti (arte-final), Christian Lichtner e Aron Lusen, Paul Mounts e Ken Wolak (cores).
Preço: US$ 12,95
Número de páginas: 104
Data de lançamento: Novembro de 2000
Sinopse
Alec Wagner parece um garoto normal, preocupado em levar a namorada para o baile de formatura e curtir a noite. Mas leva uma vida dupla: ele é parte essencial de uma iniciativa secreta de defesa da Terra contra ameaças extraterrestres, que pode cobrar um preço alto demais.
Positivo/Negativo
Gatecrasher é o gibi resultante da reunião de três dos maiores talentos do mercado, foi cartão de visitas de uma nova linha editorial e investimento seguro no gênero fértil da ficção científica. A produção de Mark Waid, Amanda Conner e Jimmy Palmiotti não é uma obra-prima, nem marcou a história da nona arte, mas é uma revista simpática e comprometida com a diversão, que prende a atenção do leitor da primeira à última página e proporciona todos os bons momentos que se procura ao abrir um novo encadernado.
A iniciativa foi do editor Gareb Shamus, que ficou conhecido por comandar a publicação especializada Wizard, o guia dos quadrinhos que era leitura obrigatória nos anos 1990. Ele decidiu apostar no sonho de lançar seus próprios gibis, e tratou de contratar a fina nata entre os autores disponíveis.
O processo criativo foi de intensa colaboração entre os artistas, algo que nem sempre funciona a contento. Em Gatecrasher – Ring of fire, estão os quatro volumes da minissérie original, a qual foi sucedida por uma série contínua assinada pelo mesmo time criativo. Para corrigir uma injustiça do tempo, vale a pena lembrar o material original e recomendá-lo a novos fãs.
Há todo um pano de fundo complexo envolvendo dimensões paralelas, raças alienígenas e organizações secretas em Gatecrasher, mas a princípio tais elementos são apenas isto: pano de fundo. O foco mesmo está no protagonista Alec Wagner e nas confusões hilárias em que se mete, já que os autores apostam mesmo no absurdo de cada situação e não se prendem a detalhes técnicos.
A história funciona como uma matinê cinematográfica de tempos passados, no clima de produções oitentistas de Steven Spielberg e George Lucas, como os gibis que marcaram a infância de tanta gente em meio a consecutivas releituras.
O roteirista Mark Waid até mostrou recentemente um lado mais sério, em obras como Empire e Irredeemable, mas é quando ele se deixa levar por seu espírito moleque que mais brilha. Gatecrasher remete a seus textos em Flash, Impulso e Demolidor. E está muito bem acompanhado.
A arte de Amanda Conner com a finalização de Jimmy Palmiotti está linda, expressiva e dinâmica, perfeita para ilustrar as cenas de interação adolescente entre Alec e sua problemática namorada, além de muita ação matadora.
Por outro lado, o estilo de Conner já não funciona tão bem para dar vida aos horríveis monstros alienígenas da trama, já que é bonitinho demais. Mas nada que prejudique a narrativa. Há o cuidado com a fluência visual e a composição de ambientes impressiona, sobretudo nos pôsteres e action figures em destaque no quarto do personagem central aficionado por cultura pop.
Assim, os dois mundos de Alec Wagner entram em rota de colisão e o leitor sofre com ele quando a amada Mia parece não tolerar mais desculpas esfarrapadas para sua ausência constante. Salvar o mundo tem seu preço e não é para os fracos de coração.
O encadernado vem com texto introdutório do aclamado escritor Garth Ennis, entusiasta de Gatecrasher e um apreciador confesso do trabalho de seus autores. Há também artes das capas originais por J.G. Jones, Joe Jusko e Joseph Linsner, além da própria Amanda Conner, numa variedade de estilos apreciável.
A série hoje é pouco lembrada, mas merece ser conferida, pois se destacou num momento em que os quadrinhos mainstream pareciam se levar a sério demais. É pra ler com a mente aberta e aproveitar o escapismo.
Classificação