Autor: Nik (texto e arte).

Preço: R$ 15,00

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Agosto de 2008

Sinopse: Coletânea das tiras Gaturro, do argentino Nik.

Positivo/Negativo: Em uma tira de Macanudo # 1, álbum que
a editora Zarabatana publicará no Brasil nas próximas semanas,
o quadrinhista argentino Liniers retrata um certo Godofredo, um homem
que fica bravo quando não entende o humor das tiras de jornal.

A piada diz respeito a uma tendência de se ver tiras mais sofisticadas,
com linguagem experimental, nos jornais - como a própria Macanudo
e o trabalho recente de Laerte são pródigos em produzir. A lista de criadores
que seguem essa vertente, com maior ou menor grau, é imensa. Só no Brasil,
pode-se lembrar de André Dahmer, Angeli, Rafael Sica, Fábio Zimbres -
mas a lista não acaba tão cedo.

O fato é que, ao ler Gaturro, Godofredo pode ficar tranqüilo: ele
vai entender a piada. Isso porque a tira preza pelo humor direto, sem
firulas. Cada quadrinho conduz o leitor direto para o último, que invariavelmente
traz uma gag - e que quase sempre é impagável.

A própria arte de Nik não deixa espaço para enrolação. As cores são fortes
e chapadas, os cenários mostram apenas o essencial e os corpos dos personagens
são moldados para servir à expressividade.

Não há experimentações nem inovações formais. Apenas uma tira de humor.
Em Gaturro, Nik se mostra um comediante à moda antiga - mas, atenção,
é um comediante de mancheia!

Talvez por isso que, na Argentina, Gaturro seja um estouro. Tem
seus quadrinhos publicados no jornal La Nación desde 1996, e também
virou de tudo: álbuns de figurinhas, revistas de passatempos, conteúdo
de celular e até aplicações para o Facebook e para o iGoogle.
Em breve, vai estrelar um longa-metragem em 3D.

Ao chegar aqui, Gaturro mostra que tem fôlego para crescer.

Para os leitores de quadrinhos contumazes, Gaturro é mais um bom
representante do quadrinho argentino contemporâneo a aportar no Brasil
- integrando uma leva que inclui belos álbuns de aventura publicados pela
Mythos (com destaque para O
Menino-Vampiro), os volumes populares de Maitena e, nas próximas
semanas, Macanudo, da Zarabatana.

Mas, graças à sua simplicidade e franqueza, a obra de Nik parece ter pique
para se tornar um personagem bastante popular. Basta que seja trabalhado
com vigor.

Sua editora, a filial brasileira da editora argentina V&R;, já deu
indícios de que aposta na franquia. Apesar de dois pequenos erros de revisão
("assistente personalizada" em vez de "assistente pessoal", na página
39; e "donw" em vez de "down", na 92), o álbum é caprichado, seguindo
os moldes do original.

Além disso, simultaneamente com este primeiro volume, lançou Gaturro
# 2.

Tomara que Gaturro vingue. Afinal, Godofredo é o que não vai faltar
por aí.