GIOVANNA
Título: GIOVANNA (Conrad
Editora) - Edição especial
Autores: Mr. Grady, Fernando Caretta (texto) e Giovanna Casotto (arte).
Preço: R$ 45,00
Número de páginas: 88
Data de lançamento: Agosto de 2006
Sinopse: Dez histórias sobre aventuras sexuais de moçoilas voluptuosas.
Positivo/Negativo: Giovanna Casotto vem da terra de Milo Manara, Guido Crepax e de seu inspirador, Franco Saudelli - autor de Bionda, famoso por HQs de bondage, que por aqui saiu apenas em histórias publicadas na extinta revista Animal.
Mais do que discípula ou seguidora de seus conterrâneos, a moça leva jeito hastear a bandeira de sucessora dos mestres das HQs eróticas. E é nesse ponto que se precisa separar as coisas: HQs eróticas são HQs, sim, e precisam de um bom argumento combinado com um desenho bacana e uma narrativa quadro a quadro bem conduzida.
Mas não dá para se esquecer do erotismo, que envolve luxúria, sedução, insinuação, provocação e algum grau de safadeza. Como toda arte erótica, uma boa HQ do gênero mexe com os sentidos, perturba cabeças e atiça a libido.
Fato é que Giovanna tem talentos para combinar HQs com erotismo de uma forma contundente. Tem traço realista e nenhum pudor em desenhar pênis, peitos, vaginas, felação, cunilíngua e pêlos no ânus das mulheres (que, vá lá, não é a coisa mais comum de se ver em artes eróticas).
Ela opta por deixar a pele humana em tons de cinza - mas colore objetos, partes do cenário, batons e unhas pintadas. As histórias são simples, bem-humoradas e dão alguma graça além do sexo pelo sexo.
Tirando um conto leve sobre um morto com pensamentos póstumos, as tramas, como os desenhos, são realistas, sem fadinhas e naves espaciais. Mesmo quando improváveis, são verossímeis, ainda que um ou outro leitor possa se perguntar por que coisas assim não acontecem com ele - deve ser falta de bons contatos, azar ou incompetência.
Mas a artista ainda tem outras virtudes quando se pensa no lado erótico da história. Primeiro, é uma mulher que se dá bem num território em que a criação é dominada por homens. A inversão de papéis é bastante provocativa, ainda mais porque algumas das fantasias ilustradas podem parecer bastante masculinas. Os bastidores da produção também têm seu charme: Giovanna usa fotos de si mesma para embasar sua arte realista, aguçando a sensação de voyeurismo do leitor.
A edição da Conrad, integrante da coleção Eros, é impecável: tem capa dura, prefácio de Xico Sá e papel couché de boa gramatura. É um belo começo para a Giovanna Casotto no Brasil. E que venham mais álbuns.
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