GRANDES ASTROS – SUPERMAN # 8
Título: GRANDES ASTROS - SUPERMAN # 8 (Panini
Comics) - Revista mensal
Autores: Grant Morrison (texto), Frank Quitely (desenhos) e Jamie Grant (arte-final).
Preço: R$ 3,90
Número de páginas: 24
Data de lançamento: Agosto de 2007
Sinopse: Superman está preso no Mundo Bizarro, um planeta banhado por um sol vermelho que suga seus poderes.
Para escapar, o herói precisa contar com a ajuda de Zibarro e dos bizarros para construir um foguete que o leve de volta à Terra.
Positivo/Negativo: Na Era de Prata, Superman era conhecido por ser o defensor da verdade, da justiça e do american way of life - uma expressão que, literalmente, quer dizer "modo americano de viver", mas que na prática ganhou implicações sociais e políticas mais profundas.
Durante a Guerra Fria, o american way of life se tornou, para o bem e para o mal, uma espécie de "Eu tenho, você não tem" em relação aos comunistas soviéticos. Na lógica intrínseca dessa afirmação, os americanos tinham, por exemplo, liberdade e capacidade de consumo.
Pois Grant Morrison tem visitado, mês a mês, os grandes temas que moviam o Superman na Era de Prata. E, nesta edição, o destaque não é só para o Mundo Bizarro, lotado de versões distorcidas do Homem de Aço e de outros heróis da DC. O roteirista escocês aproveita e mostra a sua visão desse tal jeito americano de tocar a vida - não por acaso, em uma realidade em que tudo está distorcido.
Não é só a lógica invertida da população local que chama a atenção no planeta cúbico. Há outros detalhes, como o céu vermelho, cor que simbolizou os russos na Guerra Fria, tirando os poderes do herói, a Estátua da Liberdade caída e a dificuldade de comunicação entre locais e estrangeiros.
Mas o mais forte, principalmente para os próprios leitores norte-americanos, é a reescrita de The Star-Spangled Banner, hino nacional dos Estados Unidos, que se tornou uma apologia à falta de liberdade e à covardia.
Apesar das referências ao passado do super-herói e aos agora derrotados comunistas, a história de Grant Morrison está longe de ser inocente em relação aos dias de hoje.
Em tempos de guerra em território iraquiano, a mensagem é tão clara quanto incômoda, ainda mais quando se trata do Homem de Aço, personagem que a DC costuma manter distante de polêmicas políticas.
Morrison se mostra, mais uma vez, um roteirista corajoso e inteligente. Sua história, como metáfora que é, abre muitas possibilidades de interpretação, mas sabe bem de que lado está: é contra.
Foi assim que o roteirista escocês, ao lado do brilhante Frank Quitely, fez mais do que uma grande história: ele criou uma parada obrigatória em qualquer análise sobre o uso político do Homem de Aço.
Pena que, por conta dos atrasos da publicação original, a Panini tenha ficado sem material novo para publicar, sendo obrigada a tornar a revista, na melhor das hipóteses, bimestral, conforme anúncio que consta da última página. Grandes Astros - Superman é um daqueles títulos que fazem falta nas bancas.
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