GRANDES CLÁSSICOS DC # 10 - LENDAS
Título: GRANDES CLÁSSICOS DC # 10 - LENDAS (Panini
Comics) - Revista sem periodicidade fixa
Autores: John Ostrander, Len Wein (texto), John Byrne (desenhos) e Karl Kesel (arte-final).
Preço: R$ 18,50
Número de páginas: 160
Data de lançamento: Abril de 2007
Sinopse: O vilão Darkseid cria um plano para atacar os heróis da Terra. Mas, desta vez, pretende evitar o confronto direto. Sua idéia é abalar os ideais de seus inimigos, fazendo com que percam a credibilidade.
Para isso, envia dois emissários. Doutor Bendlam encarna em um construto que, depois de acabar com uma versão capenga da Liga da Justiça, engana o Capitão Marvel, fazendo o herói acreditar que matou um ser vivo. Assim, Billy Batson desiste de usar seus poderes.
Em outro flanco, o manipulador de mentes Glorioso Godfrey, disfarçado como G. Gordon Godfrey, torna-se um ativista anti-heróis, cuja campanha contra as lendas leva a um decreto presidencial que proíbe os encapados de combater o crime.
Positivo/Negativo: A badalada Crise Infinita, minissérie que norteia os títulos DC atualmente no Brasil, é uma continuação direta de Crise nas Infinitas Terras. Lendas, por sua vez, também teve seus reflexos em HQs publicadas recentemente por aqui.
Apesar dos quase 20 anos que separam os eventos, Crise de Identidade e a Contagem Regressiva para Crise Infinita são interligadas à minissérie que a Panini acaba de inserir em sua coleção Grandes Clássicos DC.
Por exemplo: a Liga da Justiça engraçadinha de Keith Giffen e J.M. DeMatteis, estraçalhada nos últimos meses, é derivada diretamente de Lendas. O mesmo acontece com a Força-Tarefa X - que nada mais é do que a remota gênese do Projeto OMAC.
O leitor novato, pena, terá dificuldades para juntar os pontos. A edição da Panini é caprichada e abre com um belo texto introdutório do editor original da série, Mike Gold, escrito em 1993. Mas faz falta um punhado de notas ou um texto contextualizando a minissérie.
Principalmente quando se leva em conta que Lendas ecoa nos eventos recentes. Além de ser um serviço útil para os leitores, a iniciativa de mostrar que o passado repercute no presente teria até mesmo ajudado a esquentar as vendas do especial.
Ao menos, Lendas é uma dessas minisséries que podem ser lidas independentemente dos títulos paralelos. Uma ou outra coisa ficam de fora - como o destino da Liga da Justiça capenga (a equipe é dissolvida após algumas mortes num confronto com o Professor Ivo) e do legionário Cósmico e o papel do Guerreiro na história. Mas, se fizer vista grossa e supor que outras revistas deram conta de avançar na trama, o leitor vai deparar com um crossover muito acima da média.
O primeiro grande evento da DC depois de Crise nas Infinitas Terras começa com um acerto: a utilização de Darkseid, bem engendrada, grandiosa e nobre, respeitando a origem que Jack Kirby deu à sua criatura. Trata-se de um personagem excepcional - e muito mal aproveitado nos últimos anos. O ataque indireto foi arquitetado brilhantemente.
E, diga-se de passagem, é impossível não lembrar o mote da série Guerra Civil, que já está dando as caras nas revistas de linha da Marvel e deve ser publicada no País ao longo deste ano. Aqui, quem veta os encapados é o presidente Reagan, com aval de Superman, mas não de Batman.
O especial traz também algumas marcas da passagem do tempo. Nota-se, por exemplo, que há um esforço da minissérie em ser didática, algo fora de uso nos dias atuais. Os personagens se apresentam quando aparecem, explicando quem são. E cada capítulo relembra o que aconteceu no anterior. Como a série foi originalmente publicada em seis partes, faz todo o sentido. Mas, para leitura em formato compilado, fica um pouco chato.
Mas nem sempre - a terceira parte, por exemplo, usa o recurso de recapitular no rodapé de cada página, e é interessante ver como funciona bem.
A narrativa poderia ser truncada, mas não é. Os tropeços ficam por conta da diferença de contexto. Em 1986, na aurora da era Pós-Crise, os leitores podiam curtir uma história sem depender do conhecimento enciclopédico de anos e anos de cronologia - hoje, um pré-requisito árduo para conquistar para novos leitores de super-heróis.
Ostrander e Wein conseguiram construir uma HQ empolgante e envolvente. E lidaram muito bem com uma grande quantidade de personagens, dando um papel e um peso para cada um. Não é algo fácil de se fazer. Nem de se ver. Em eventos do gênero, é mais comum encontrar bandos de heróis atirando raios e socando tudo que aparece pela frente.
O trabalho da dupla é valorizadíssimo por John Byrne, então um recém-chegado à DC Comics. Em seu auge, ele se mostra um artista estupendo - algo que infelizmente se perdeu em alguns trabalhos recentes. Byrne dá cara e emoção aos personagens, ajudando-os a cumprir seu papel na história.
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