GRANDES CLÁSSICOS DC # 6 – LANTERNA VERDE/ARQUEIRO VERDE – VOLUME 1
Título: GRANDES CLÁSSICOS DC # 6 - LANTERNA VERDE/ARQUEIRO VERDE
- VOLUME 1 (Panini
Comics) - Revista trimestral
Autores: Dennis O'Neil (roteiro), Neal Adams (desenhos), Frank Giacoia, Dan Adkins, Dick Giordano, Berni Wrightson (arte-final) e Cory Adams (cores).
Preço: R$ 24,90
Número de páginas: 176
Data de lançamento: Março de 2006
Sinopse: Num momento de decisões para a história norte-americana e mundial, um herói que pode singrar pelo espaço sideral e outro que mantém firmemente os pés no chão se unem por uma causa comum.
Juntos, eles percorrerão os Estados Unidos para descobrir o que ocorreu com a sua tão amada terra da liberdade.
Positivo/Negativo: Inspirado em nomes em voga do Novo Jornalismo, como Tom Wolfe, Norman Mailer e Hunter Thompson, entre outros, o roteirista Dennis O'Neil resolveu utilizar a sua perspectiva da sociedade em que vivia e um pouco de suas próprias experiências.
Se no caso de Wolfe e companhia o objetivo era dar ao jornalismo dito sério uma considerável carga literária, ao mesmo tempo tornando-o mais atraente para o leitor e mais desafiador para o jornalista, o que O'Neil propunha era diametralmente oposto.
O roteirista ambicionava dar aos quadrinhos respeitáveis doses de realidade, aproximando aquele universo ficcional de um mundo ao qual não parecia fazer parte.
A experiência de vida do autor e o seu ponto de vista único (como é intrínseco a cada ser humano) eram dois itens fundamentais em obras como O Teste de Ácido do Refresco Elétrico, de Tom Wolfe, Hell's Angels, de Hunter Thompson, ou On the Road, de Jack Kerouac.
Logo, O'Neil resolveu fazer o mesmo com o título que assumia.
Falando agora especificamente sobre este primeiro volume, a pobreza, o racismo e a escravidão são alguns dos temais principais apresentados.
Tudo começa quando Hal Jordan descobre que certos problemas mundanos podem ser muito mais complexos do que enfrentar seres alienígenas em outras galáxias.
No outro extremo há Oliver Queen, uma espécie de alter ego de O'Neil na série, e o encarregado de mostrar ao Lanterna Verde que o mundo - mais precisamente os Estados Unidos - é um lugar dinâmico, estranho e perigoso, mas pelo qual vale (e muito) a pena lutar.
São vários os momentos dignos de nota. Logo na página 17 há lugar para uma antológica pergunta de um senhor negro para um Jordan completamente desolado.
A segunda aventura, Bem-vindo a Desolação, é uma das melhores da edição. Um dos destaques é a cena em que o Lanterna descobre novas vulnerabilidades de seu anel energético e resolve tomar uma atitude. Ele deixa o poder esmeralda em segundo plano, confiando apenas em suas habilidades naturais, que há tempos andava menosprezando.
Na terceira e quarta histórias, o mote é o tratamento desprezível a que são sujeitados os índios norte-americanos e o desrespeito do governo com eles.
Ao mesmo tempo em que fala sobre a demarcação de territórios indígenas, o roteirista insere na trama a questão dos cultos, tão em voga no final dos anos 1960 e início dos 70.
O único senão é a última aventura, em que O'Neil mistura mitologia grega ao enredo, deixando em aberto uma possível intenção de algum paralelo ao movimento feminista da época. Se foi essa a idéia, deu errado. Se não foi, não funcionou da mesma maneira.
Quanto à arte, Neal Adams ainda não estava no auge que alcançaria posteriormente nas revistas do Batman, mas toda sua narrativa é ótima. Diversas passagens realizadas por ele são deslumbrantes.
A seqüência em que o Lanterna Verde salva um idoso de um prédio em chamas e a luta entre ele e o Arqueiro são alguns desses belos momentos.
Quanto à edição, no primeiro quadro da página 162 está grafado o nome "Rachuel Welch". O correto é "Raquel Welch", atriz de filmes como Festa Selvagem, Viagem Fantástica e Legalmente Loira.
A lamentar as excessivas gírias utilizadas. Ainda que elas tornem o contexto mais encaixado ao período em que foram realizadas, é fantasioso demais imaginar que se falasse daquela maneira simplesmente o tempo todo.
Utilizar uma gíria de vez em quando em uma frase é uma coisa. Usá-las simplesmente o tempo todo parece coisa de alguma comédia atual que se vale desse recurso para satirizar o período.
Mesmo com esses pequenos deslizes, cabe aqui congratulações à Panini, que após anos de reiterados pedidos por partes de leitores - a diferentes editoras -, finalmente republica no Brasil a notória fase de Dennis O'Neil e Neal Adams à frente do título do Lanterna Verde, que contava também com a participação do Arqueiro Verde.
Após 36 anos, já era mais do que hora de nosso mercado ter esta inovadora obra publicada na íntegra por aqui, numa edição tão caprichada, com direito inclusive a uma ótima introdução do autor.
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