GRANDES CLÁSSICOS DC # 7 - LANTERNA VERDE/ARQUEIRO VERDE - VOLUME 2
Título: GRANDES CLÁSSICOS DC # 7 - LANTERNA VERDE/ARQUEIRO
VERDE - VOLUME 2 (Panini
Comics) - Revista trimestral
Autores: Dennis O'Neil e Elliot S! Maggin (roteiro), Neal Adams (desenhos), Dick Giordano e Berni Wrightson (arte-final).
Preço: R$ 25,90
Número de páginas: 208
Data de lançamento: Junho de 2006
Sinopse: O segundo e último volume com as clássicas aventuras da dupla esmeralda pelo coração dos Estados Unidos nos anos 1970.
Positivo/Negativo: A primeira história mostra uma menina com poderes mentais, que é usada por um homem com uma noção torpe do que é decência e ordem.
A alegoria ao que um autoritário com poder pode fazer é pertinente (vale lembrar que eram os anos do governo de Richard Nixon e que, até há pouco tempo, J. Edgar Hoover mantinha dossiês sobre tudo e todos), mas o melhor momento é quando o Lanterna e o Arqueiro estão prestes a serem mortos por meia dúzia de crianças. O diálogo é impagável.
Lanterna Verde: "É o fim! Nunca pensei que fosse morrer indefeso em um chão imundo de cozinha".
Arqueiro Verde: "É até meio idiota, né?"
Posteriormente, o quadro seria utilizado na capa de uma das republicações da obra.
A seguir tem lugar uma crítica ao consumismo e às (más) escolhas que as pessoas fazem, com a participação de um vilão "uniformizado" do Lanterna.
Nada de especial, mas mostra a retomada do romance de Hal Jordan com Carol Ferris e o início do relacionamento propriamente dito de Oliver Queen com Dinah Lance, a Canário Negro.
As duas histórias seguintes são as que revelam o envolvimento de Ricardito com as drogas.
Notórias por levarem ao universo dos super-heróis a realidade das drogas, elas pecam em certos momentos, como nos motivos que levam os jovens a se viciarem, e na explicação dada sobre o que poderia ser feito para isso não ocorrer.
Mas, ao mesmo tempo, em seqüências um tanto constrangedoras, como no monólogo de Ricardito ao final, apresenta uma ambigüidade que acrescenta mais ao tema do que o restringe.
Não é difícil perceber que o conhecimento de causa de O'Neil é pequeno, mas a sinceridade do texto compensa essa falha.
É interessante notar o modo como o Arqueiro reage. Por trás de toda sua postura revolucionária, contra o sistema, persiste uma faceta reacionária, que o roteirista faz questão de não esconder.
Aqui não há maniqueísmo. O que importa são as escolhas. Se são certas ou erradas não cabe a ninguém dizer. Já fazer o leitor parar e pensar a respeito é sempre muito bem-vindo e isso essa pequena preciosidade consegue.
Dando um tempo na parceria, segue uma história curta apenas com o Lanterna.
Nela é mostrada a primeiríssima aparição de John Stewart, convocado como segundo suplente de Hal Jordan (o primeiro, Guy Gardner, acabara de sofrer um acidente que o deixará fora de ação por algum tempo).
É um roteiro enxuto e de excelente qualidade. A questão racial e a personalidade irascível de Stewart são os pontos fortes e não ficam devendo em nada aos demais temas abordados na série até aqui.
"O Que se Pode Fazer?", estrelada pelo Arqueiro, é a única trama escrita por Maggin.
O prefeito de Star City - um dos raros, senão o único político honesto mostrado nos dois volumes - pretende não tentar a reeleição e indica o playboy Oliver Queen como candidato à sua sucessão.
Apesar de pequena, a trama explora de maneira convincente essa possível guinada na vida do Arqueiro. Por sinal, tal aspecto está sendo atualmente utilizado nos eventos pós-Crise Infinita e deve chegar ano que vem por aqui.
Depois tem lugar a derradeira aventura oficial da dupla esmeralda, que uma vez mais aborda o fator ecológico, e o quanto ele é prejudicado em nome do dito progresso.
O sacrifício de um ecoterrorista e uma boa dose de resignação por parte do Arqueiro, coincide com a explosão de um já farto Lanterna Verde.
É como se, ao fim da jornada, os papéis dos heróis invertessem. O Arqueiro sente algo que beira a impotência, enquanto que o Lanterna se recusa a aceitar o que o mundo se tornou.
Na seqüência, três histórias curtas seguem esse caminho, mostrando um Arqueiro transtornado, quando por acidente, mata um homem.
São irregulares em relação ao que foi apresentado até aqui, mas evidenciam bem a evolução dos personagens.
Para fechar a edição, mais uma curtíssima incursão solo do Lanterna, que traz uma sacada genial envolvendo cogumelos.
A bela edição da Panini apresenta só um erro. Na página 139, 4º quadro, está escrito "Issac" em vez de "Isaac". Como extras, há a já tradicional galeria de capas e uma boa introdução assinada por Dick Giordano, na qual o artista revela certas frustrações e um bocado de sentimentos em relação à série.
O que decepciona é um texto assinado por Levi Trindade.
O objetivo era uma contextualização histórica, mas o que se lê é um amontoado de senso comum e frases constrangedoras como: "ao mesmo tempo, negros e hispânicos não atravessavam uma boa fase no país das oportunidades". Boa fase?
Outra coisa que desafina são os exemplos utilizados.
Quando cita os Sex Pistols como banda que dava as suas "viajadas" (sic), esquece que a última história da edição data de 1974, e que os Pistols só viriam a surgir em 1976.
O que está implícito no roteiro e poderia ser dito são as possíveis conexões - e mais tangíveis, por sinal - com o Novo Jornalismo e a contracultura (algo que fora levemente citado na resenha do primeiro volume).
Apesar disso, não é o bastante para arranhar esse belíssimo e essencial encadernado.
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