GRAPHIC NOVEL #19 – BLANCHE EPIFANY
Autores: Jacques Lob (roteiro) e Georges Pichard (desenho).
Preço: Cr$ 100,00 (preço da época)
Número de páginas: 64
Data de lançamento: maio de 1990
Sinopse: A frágil beldade Blanche Epifany é constantemente perseguida por homens vis que pretendem se aproveitar de sua inocência.
Mas um intrépido herói promete resgatar a jovem das piores situações!
Positivo/Negativo: Blanche Epifany é uma HQ francesa lançada pela Abril Jovem na coleção Graphic Novel, que fez história por apresentar grandes sucessos da DC, da Marvel e do mercado europeu.
A HQ é, ao mesmo tempo, uma homenagem e uma paródia das histórias de amor folhetinescas, nascidas na França, nas quais os mocinhos, sempre completamente bons, salvavam as doces donzelas, impecavelmente castas e virtuosas, das garras de vilões maus.
Os autores criaram a personagem em 1967, para a revista V-Magazine, de Jean-Claude Forest, o "pai" de Barbarella, heroína espacial que foi interpretada por Jane Fonda no cinema. Por isso, não é de se admirar que Blanche tenha uma fisionomia muito parecida com a de Brigitte Bardot, uma beldade francesa que fazia a cabeça dos homens na época.
Blanche é uma moça pobre que trabalha para um rico banqueiro em troca de um mísero salário. Todos os homens tentam abusar dela, rasgando os trapos que pouco fazem para esconder suas curvas. Quando tudo parece perdido, um misterioso herói aparece para tirá-la das encrencas.
Cada detalhe da HQ reforça a ideia de que o leitor está lendo um romance de folhetim. A trama é divida em capítulos curtos, sempre no mesmo formato, em que o problema anterior é solucionado, um novo é apresentado e, quando se chega ao clímax, o episódio acaba.
A linguagem é rebuscada, cheia de adjetivos que reforçam o caráter dos personagens. O herói é "o defensor que representa a justiça, a inteligência e a força", o banqueiro é "lúbrico e perverso", e assim por diante.
Além dos personagens, existe um narrador que conduz a trama e se dirige ao leitor, permeando a história de comentários e induzindo ao suspense.
A trama possui alguns elementos que remetem aos interesses dos leitores de folhetim. Os avanços tecnológicos da Era Vitoriana, o Oriente, com todo o seu exotismo, os bordéis, que representavam o que havia de mais sórdido na sociedade burguesa.
Todos esses elementos são costurados de forma divertida pelo roteiro de Lob, mas ganham vida mesmo no traço exuberante de Georges Pichard.
Perito em desenhar belas mulheres, ele capricha nos cenários e nas cores, tornando a trama mais vívida, cheia de força. Os homens são caricaturais, com barbas, cabelos e bigodes que remetem a uma novela de época. Os personagens, estereotipados propositalmente, como acontecia nos romances folhetinescos, são simples e sem profundidade psicológica.
A narrativa visual é ótima, com diagramações inteligentes, especialmente nas páginas que abrem os capítulos. Até mesmo os balões de texto ganham formatos inusitados, relacionados ao clima da história.
Blanche Epifany é uma grande HQ, um casamento perfeito entre arte e roteiro. Divertida, inteligente e cheia de significados, como toda boa história deve ser.
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