GRIMMS MANGÁ
Autor: Kei Ishiyama (texto e arte).
Preço: R$ 11,90
Número de páginas: 176
Data de lançamento: Janeiro de 2008
Sinopse: Cinco contos dos Irmãos Grimm ganham novas versões em mangá. São eles:
Chapeuzinho Vermelho - Um menino-lobo se aproxima da avó de Chapeuzinho Vermelho.
Rapunzel - Capturado por uma velha bruxa, um garoto cresce sozinho numa torre.
João e Maria - Dois irmãos perdidos na floresta encontram uma casa de doces que pertence a uma mulher muito sedutora.
Os doze caçadores - Um gato acredita que um dos caçadores do príncipe é uma mulher.
Os dois irmãos - Os gêmeos Walter e Volker salvam uma princesa de um dragão.
Positivo/Negativo: A sinopse acima já revela bastante sobre o que há neste simpático mangá - o terceiro título da editora NewPop, braço editorial do portal especializado Anime Pró.
Trata-se de uma edição que traz versões de contos dos Irmãos Grimm. Mas não são adaptações fiéis, como no caso do álbum Irmãos Grimm em Quadrinhos, feito por artistas brasileiros para a Desiderata.
Kei Ishiyama recria as histórias, virando a trama de cabeça para baixo, alterando elementos centrais dos contos originais. Daí é um passo para que Rapunzel seja um mocinho loiro, e que a bruxa esteja mais interessada em se deliciar dos dotes de rapaz de Joãozinho do que em assá-lo em um forno.
A visão da mangaká Kei Ishiyama sobre sua matéria-prima é deliciosa - e o que o pequeno álbum tem de melhor a oferecer. Afinal, as alterações não são gratuitas: fazem parte da visão de mundo da autora, cuja obra valoriza a beleza e a sensualidade dos personagens. Não é por acaso, portanto, que a versão de Chapeuzinho Vermelho tem um final tão marcante.
O traço da autora também cumpre um papel importante na construção dessa idéia de que beleza é fundamental: a arte não cansa de mostrar gente bonita, magra, alta, com olhos claros e cabelos esvoaçantes.
É verdade que essa linha estética é seguida por muitos mangás, e isso tira um pouco do arrojo da série. Não há nada de novo na arte, que chega a cair no clichê do gênero. Mas em Grimms Mangá, vale a pena pontuar, essa linha estética faz muito sentido, porque encontra ecos nas tramas.
É uma pena, porém, que as duas últimas histórias sejam tão pouco conhecidas no Brasil. São boas leituras do jeito que estão, mas, a julgar pelas três primeiras, conhecer o original faz toda a diferença. Talvez um resumo dos contos originais em algum lugar do álbum ajudasse.
E, por falar em cuidados editoriais, a revisão merecia um pouco mais de dedicação. Não é nada gritante, mas passaram algumas bobagens que não condizem com um álbum tão bacana.
O acerto da NewPop, afinal, não está só no conteúdo do mangá selecionado. Vai bem além: é um álbum bem editado, com bom acabamento gráfico, que inclui até mesmo um posfácio eficiente de João Fernandes sobre os Grimm e os contos de fada.
Além disso, o acabamento gráfico é ótimo. E, para o leitor, há outra boa notícia: o preço é mais do que justo.
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