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Guardiã – A detetive do sobrenatural

17 novembro 2017

Guardiã – A detetive do sobrenaturalEditora: Avec – Edição especial

Autores: Robbert Damen (roteiro e arte) – Originalmente publicado em Guardian – Dell 1 (tradução de Geert Geeven e Carolina Cronemberger).

Preço: R$ 34,90

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Setembro de 2016

Sinopse

Uma sombria Inglaterra Vitoriana, onde uma corajosa mulher envolvida com a Scotland Yard desafia os preconceitos da época e ajuda a resolver os casos mais misteriosos.

Nas três surpreendentes histórias deste volume, a Guardiã enfrenta o sobrenatural, investigando crimes que envolvem a abastada nobreza local e seus estranhos segredos.

Positivo/Negativo

Cada uma na sua época, essa A Guardiã tem muito em comum com a aventureira January Jones, também publicada pela Avec. O que faz as duas séries entrarem em compasso é a diversão despretensiosa que embala as tramas.

Neste título também vindo da Holanda, a personagem principal é uma mulher à frente do seu tempo – basta notar o modo como ela se veste na Era Vitoriana. Apenas conhecida por Guardiã, ela desvenda os mistérios de crimes que deixam a "infalível" Scotland Yard de mãos atadas. Elementar, esse ponto faz lembrar certo detetive inglês como uma das inspirações de Robbert Damen.

O quadrinhista adiciona um quê sobrenatural, incorporando elementos místicos na composição da personagem, que não tem sua origem contada neste volume. Contudo, algumas pistas vão se revelando sempre no final de cada capítulo.

São três histórias curtas, todas batizadas com o nome dos envolvidos nos mistérios. Na primeira, a inspiração vem indiretamente de Oscar Wilde (1854-1900) e sua obra mais famosa, O retrato de Dorian Gray. Uma série de assassinatos leva a inspetora à mansão de um artista recluso. Por ter que ser econômico pela limitação das páginas, o autor força a barra algumas vezes, vide o começo, mas se sai bem na dinâmica da resolução do caso.

Na segunda, cadáveres estraçalhados aparecem nas docas londrinas. Um pouco mais melodramático, mas sem abandonar o sobrenatural. Mantém o ritmo despretensioso e não se envergonha da obviedade no seu desenrolar.

Por fim, o terceiro ato tem uma abertura tradicional das HQs de terror das antigas, com a personagem em perigo iminente, passando imediatamente para o flashback que acarreta tal situação. Desta vez, mortes ao redor de uma herança remetem ao clássico expressionista alemão do cinema mudo O Golem Como ele veio ao mundo (1920), dirigido por Paul Wegener (1874-1948) e Carl Boese (1887-1958). Das três tramas, esta baseada na mitologia judaica tem seu ex machina mais escancarado, para a sorte da Guardiã.

O traço de Damen tem um pouco do cartum (ele desenha para uma revista da Disney no seu país de origem), um pouco da linha clara (um ponto bem característico dos holandeses) e é eficiente na agilidade das histórias.

Apesar dos atributos positivos, ele não se esforçou para oferecer uma capa que chame minimamente a atenção – falta criatividade na composição, o que pode ser uma desvantagem para quem julga a HQ por ela.

A arte na quarta capa – inclusive com uma técnica mais rebuscada – é bem mais interessante, mesmo com a composição comprometida pela tarja que acompanha o texto de apresentação da obra.

Assim como January e outras edições, a Avec equilibra a qualidade com um bom projeto editorial, com formato álbum (21 x 28 cm), capa cartonada sem orelhas e páginas coloridas em papel couché de gramatura e impressão bem acima da média.

Houve um ou outro deslize na revisão, a exemplo de usar "por hora" no lugar de "por ora", mas nada que comprometa gravemente o conjunto.

Classificação:

3,0

.

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