GUERRA CIVIL # 2
Título: GUERRA CIVIL # 2 (Panini
Comics) - Minissérie mensal em sete edições
Autores: Mark Millar (roteiro), Steve McNiven (desenhos) e Dexter Vines (arte-final).
Preço: R$ 3,90
Número de páginas: 40
Data de lançamento: Agosto de 2007
Sinopse: Em 72 horas, 15 supervilões foram presos. A S.H.I.E.L.D., que chegou a atribuir o esforço ao Capitão América, já começa a suspeitar que o herói vem liderando um grupo de renegados.
Quando a Lei de Registro de Super-Humanos entra em vigor, o time formado dá as caras e resgata os Jovens Vingadores da prisão.
Comandando a facção legalista, o Homem de Ferro planeja um grande evento, em que uma revelação (nem tão) retumbante será feita.
Positivo/Negativo: Depois de um mês inteiro de tie-ins pra lá de meia-boca, Guerra Civil chega a seu segundo número, agora com lados mais definidos - e ânimos mais acirrados.
A intenção de Mark Millar, um autor que pesa a mão nas obras políticas (basta ver Authority e Os Supremos), é clara: usar oposição entre Homem de Ferro e Capitão América como metáfora para a situação política dos Estados Unidos no pós-11 de Setembro, em que vários atos do governo foram acusados de tolher a liberdade.
O roteirista acerta em cheio ao subverter o universo maniqueísta dos super-heróis e criar uma oposição em que o leitor não sabe para quem torcer. Sozinho, não é um recurso inédito - trata-se da velha fórmula dos crossovers, em que o leitor decide se torce por Superman ou Homem-Aranha.
Mas, em Guerra Civil, a decisão passa por critérios muito além da preferência pessoal. A iconografia dos heróis dá lugar a uma trama em que é preciso fazer uma decisão política. De um lado, está a suposta segurança de uma nação aterrorizada por uma grande tragédia. Do outro, a desobediência civil pode estar travestida de ilegalidade.
Millar não deixa muito espaço para o leitor ficar em cima do muro. O bordão "De que lado você está?" ecoa desde que, mais de um ano atrás, a Marvel lançou a minissérie. Por aqui, os anúncios da Panini conclamaram o leitor a eleger sua facção e, desde então, a frase aparece insistentemente na contracapa da minissérie, nas revistas e nos fóruns de discussão.
No site da Panini dedicado à minissérie - que, por sinal, merece mais do que a discreta menção na contracapa - há banners para que os leitores possam propagandear sua escolha e uma enquete que vem se mantendo bem equilibrada.
As cores políticas fazem da trama de Guerra Civil uma das mais interessantes que a Marvel armou nos últimos anos. Mas a série atrai também por conta da grande chacoalhada que dá nos heróis da editora - e mudanças radicais são, historicamente, catalisadores de vendas.
O problema é que a minissérie acabou chamando atenção muito antes de chegar por aqui, ultrapassando os limites dos veículos especializados em quadrinhos. Os leitores brasileiros dificilmente vão se surpreender com as grandes viradas da série.
Nas últimas páginas desta edição, por exemplo, o Homem-Aranha revela sua identidade secreta em uma coletiva de imprensa. Quando a história saiu nos Estados Unidos, a repercussão foi grande até nos jornais brasileiros. Os quadros com o desmascaramento foram reproduzidos.
É legal rever a imagem dentro do contexto, mas é evidente que boa parte da empolgação se perdeu nesse intervalo entre o lançamento do original e da adaptação brasileira - que, por diferenças de mercado e tempo de produção, é realmente inevitável.
Por sorte, Guerra Civil não se calca só nas surpresas retumbantes.
Além de todo o jogo ideológico, a arte de Steve McNiven e Dexter Vines está fabulosa. Os desenhos são lindos, com uma narrativa bem amarrada, que dá o tempo certo para as cenas - por sinal, algumas são relativamente rápidas, já que provavelmente serão expandidas nos tie-ins.
A propósito, duas heroínas devem estar especialmente felizes com o trabalho da dupla: Mulher-Hulk e Sue Storm nunca tiveram bundas tão irretocáveis quanto nas páginas 7 e 8 desta edição!
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