GUERRA CIVIL # 4
Título: GUERRA CIVIL # 4 (Panini
Comics) - Minissérie mensal em sete edições
Autores: Mark Millar (roteiro), Steve McNiven (desenhos) e Dexter Vines (arte-final).
Preço: R$ 3,90
Número de páginas: 24
Data de lançamento: Outubro de 2007
Sinopse: Um Thor clonado por Reed Richards interfere na batalha entre os dois grupos de heróis e dá uma vantagem visível aos pró-registro.
Mas é cedo para cantar vitória: o deus nórdico de laboratório acaba matando Golias, o que faz um punhado de gente rever valores e considerar a hipótese de trocar de lado.
Positivo/Negativo: Debaixo da desgastada carapuça de saga de super-heróis que envolve todo o universo da editora, Guerra Civil se comporta como um grande porta-voz das idéias de Mark Millar. O autor escocês transforma a minissérie em uma manifesto - algo que a quarta edição torna evidente.
Embora os leitores ainda tenham margem para discordar, tanto a Marvel quanto o autor deixam claro neste número que tomaram partido pelo grupo anti-registro. Sempre houve indícios de que havia um lado mais certo que o outro, mas eles nunca foram tão nítidos.
Os aliados do Capitão América são os que, afinal de contas, defendem os valores tradicionais do super-heroísmo e levam-nos para o campo de batalha.
O Homem de Ferro, por sua vez, age sem escrúpulos: chega ao ponto de promover a clonagem de um deus que acaba matando um de seus velhos amigos. E, diante disso, Tony Stark se alimenta do pecado da soberba e não dá um basta na situação medonha que armou com a S.H.I.E.L.D.
Não é por acaso que o Homem-Aranha começa a questionar sua decisão de apoiar Stark. Peter Parker é um herói que, apesar das falhas, prima em fazer o que é certo - até porque aprendeu a carregar nas costas grandes doses de culpa por seus erros. Se grandes poderes lhe conferem grandes responsabilidades, o jovem nova-iorquino tem um compromisso com o grupo que estiver moralmente correto.
Mas a grande tacada desta edição é a mudança de lado de Sue Storm. A carta que ela deixa a seu marido é uma declaração de amor, mas também um chamamento à lucidez.
Ao final da edição, fica claro que só existe uma opção eticamente aceitável. Se considerarmos que, desde o começo, o Homem de Ferro é um republicano ligado ao governo, a opção de Millar e da Marvel é mais do que uma postura diante de uma saga de super-heróis. Trata-se de uma tomada de posição a favor de ideais democratas e contra os republicanos (e sua Guerra do Iraque).
Olhando para a história nitidamente nova-iorquina da Marvel, a opção não chega a ser surpreendente. Mas poucas vezes a linha política da editora esteve tão escancarada em um título com tanta repercussão.
Essa metáfora política faz com que a minissérie cresça neste mês. Mas não é só por causa dela que a HQ melhora: com menos cenas para apresentar, a narrativa de Millar e McNiven ganha fôlego para se desenvolver. O resultado é uma história mais consistente, que abre espaço até mesmo para se explorar detalhes como os guarda-chuvas de Sue e Johnny Storm.
O grande porém de Guerra Civil não está na trama, e sim no planejamento
editorial. Ele fica por conta do atraso de Guerra
Civil Especial # 1, que, segundo o checklist publicado em todas
as revistas, deveria ter chegado às bancas imediatamente após a edição
anterior da minissérie, mas até o lançamento deste número, ainda não
tinha dado as caras nem em bancas nem em comic shops.
Um leitor mais obcecado pela leitura em seqüência da minissérie acaba prejudicado justamente por aceitar seguir as regras do jogo.
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