GUERRA CIVIL ESPECIAL # 1
Título: GUERRA CIVIL ESPECIAL # 1 (Panini
Comics) - Minissérie em quatro edições
Autores: Incrustado - Paul Jenkins (roteiro), Ramon Bachs (desenhos), John Lucas (arte-final) e Laura Martin (cores);
O Acusado - Paul Jenkins (roteiro), Steve Lieber (desenhos, arte-final das partes 2 a 4), John Lucas (arte-final da parte 1) e June Chung (cores);
O Infiltrado - Paul Jenkins (roteiro), Lee Weeks (desenhos), Rob Campanella (arte-final da parte 1), Sandu Florea (arte-final da parte 2) e J. Brown (cores);
Guerra Civil - O Programa - Paul Jenkins (roteiro), Leandro Fernadez (arte) e Dan Brown (cores);
Correspondências - Campo de Realocação de Guerra Poston - Paul Jenkins (roteiro), Kei Kobayashi (arte) e Christina Strain (cores);
Correspondências - Júlio César - Paul Jenkins (roteiro), Kano (arte) e Dean White (cores);
Correspondências - I Guerra Mundial - Paul Jenkins (roteiro), David Aja (arte) e José Villarrubia (cores);
Correspondências - Vietnã - Paul Jenkins (roteiro), Sean Chen (desenhos), Rick Magyar (arte-final) e A, Crossley (cores).
Preço: R$ 14,90
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Setembro de 2007
Sinopse: Incrustado - Os repórteres Ben Urich e Sally Floyd investigam os bastidores da Guerra Civil.
O Acusado - Speedball, único sobrevivente do massacre que desencadeou a Guerra Civil, é encontrado sem poderes. Contra o registro, acaba na prisão - e sofre as agruras de ser responsabilizado pela morte de 60 crianças.
O Infiltrado - Magnum é manipulado para investigar o sumiço do dono de uma loja de aquários que explodiu.
Guerra Civil - O Programa - Norman Osborn reage (mal) à revelação da identidade secreta de Peter Parker.
Correspondências - As relações enigmáticas de Guerra Civil com outros conflitos reais.
Positivo/Negativo: Os quadrinhos de super-heróis têm lá suas idiossincrasias, é verdade. Uma delas é a tal da cronologia, que deve ser seguida à risca pelos leitores. Há, além disso, alguns momentos mais especiais em que essa regra merece uma atenção extra: é o caso das minisséries monumentais que prometem revirar um universo ficcional de cabeça para baixo.
Nessas horas, diz o acordo tácito que as editoras mantêm com os fãs, o certo é quebrar o cofrinho, contar as moedas e acompanhar tudo o que sai, revista por revista - e ainda por cima na ordem pré-estabelecida.
No caso de Guerra Civil, minissérie que anda remexendo as bases das revistas brasileiras da Marvel, a tábua de mandamentos é o checklist. Desde o começo de julho, quando saiu o jornalzinho Clarim Diário alusivo ao evento, a relação das revistas que complementam a obra circula por aí dizendo o que deve ser lido e quando é a hora H.
Pois o primeiro especial derivado de Guerra Civil estava programado para setembro. Segundo o tal checklist, deveria ser lido imediatamente após o terceiro número da minissérie, que saiu logo nos primeiros dias do mês.
Mas, na prática, Guerra Civil Especial # 1 chegou às bancas no dia 15 de outubro - quando nove edições subseqüentes da lista já estavam à venda, entre elas o quarto número da minissérie-mãe.
A rigor, soa como uma grande sacanagem da editora. Afinal, quando a Marvel atrasou uma edição de Civil War nos Estados Unidos, segurou o lançamento de todas as revistas interligadas (o que, entre outras coisas, deixou lojistas furiosos, mas isso é papo para outra hora).
A diferença, no caso, é que Civil War é o carro-chefe da aventura, no qual se concentram todos os momentos históricos.
Guerra Civil Especial, como o leitor pode perceber, é uma HQ irrelevante - nas mais diversas acepções que o termo pode ter.
Em primeiro lugar, é irrelevante para a própria trama de Guerra Civil. Tudo bem: suas 144 páginas contam coisas que só acontecem ali. De repente, sacia o apetite de um fã afoito por conferir todos os detalhes em diferentes abordagens - mesmo que, somando todas as revistas de linha, a revelação da identidade secreta do Homem-Aranha já tenha sido mostrada em mais ângulos do que gol em final de Copa do Mundo.
A verdade é que deixar essas histórias de lado não vai atrapalhar a vida de ninguém. A própria Panini provou isso com seu atraso de 45 dias. Apesar da ansiedade dos leitores, manifestada até no próprio fórum oficial da editora, a trama de Guerra Civil correu normalmente, sem nenhum prejuízo ao entendimento da trama.
Guerra Civil Especial também é irrelevante em si. Como história em quadrinhos, não fede nem cheira. Jenkins, roteirista de altos e baixos, não consegue criar tramas verdadeiramente importantes.
Ao se propor a mostrar os bastidores da Guerra Civil, suas histórias não conseguem ser sutis. Ficam mornas, no meio do caminho, e o resultado, longe de ser interessante.
Tome-se o exemplo de O Acusado. O mote é ótimo: um ex-herói envolvido em um massacre de 600 pessoas, incluindo 60 crianças, fica sem poderes e vai parar na prisão, onde naturalmente acaba ameaçado pelos pilantras residentes. A arte é promissora: tem Steve Lieber, da boa fase atual do Capitão América.
O problema é que a idéia é pra lá de batida - mesmo se se restringe o olhar a apenas HQs da Marvel e da DC desta década. Pelo menos John Constantine (em arco programado para constar da Pixel Magazine) e o Justiceiro passaram por temporadas na cadeia. Ambas as histórias eram bastante superiores.
Incrustado causa a mesma sensação de déjà vu piorado. Nem precisa revirar a coleção para saber o porquê: jornalistas nos bastidores da Marvel foram muito melhor utilizados na minissérie Marvels e em The Pulse.
No fim das contas, o mais interessante da revista é mesmo a série de histórias curtas Correspondências, que relacionam guerras reais com a trama do evento. Com desenhistas diferentes e arte mais caprichada, acabam chamando a atenção.
Guerra Civil é uma minissérie poderosa: mexe com personagens a ponto de distorcê-los, mas ao menos entrega grandes fetiches para o leitor. Em suas páginas, os velhos super-heróis trocam porradas entre si e respondem o tempo todo à clássica indagação do gênero: "Quem é mais forte, fulano ou beltrano?".
É claro que uma história assim é um imã para leitores (e para os níqueis em seus bolsos). O problema é: o que Guerra Civil tem de grandiosa, seu primeiro especial tem de tedioso. E sempre é bom lembrar que nem sempre é preciso ver o lance de todos os ângulos para comemorar o gol.
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