Título: HELLBLAZER # 5 (Brainstore) - Revista mensal

Autores: Garth Ennis (roteiro) e John Higgins (desenhos).

Preço: R$ 7,90

Número de Páginas: 24

Data de lançamento: Maio de 2003

Sinopse: Filho do Homem - Parte 5 de 5 - O pequeno Ronnie acaba de revelar que seu pai, Harry Cooper, vai dar à luz o messias do Inferno.

John Constantine pode ser o responsável pelo fim da humanidade como a conhecemos, graças à confusão que armou tantos anos atrás, e somente com muita sorte conseguirá colocar as coisas nos eixos de novo.

Positivo/Negativo: Chega ao fim o primeiro arco de histórias da revista mensal de John Constantine pela Brainstore. A partir da próxima edição começa a fase de Warren Ellis (de Transmetropolitan), com o arco em seis partes Assombrado.

Por enquanto, a editora ainda não se manifestou quanto à publicação das histórias antigas ainda inéditas, mas provavelmente tudo vai depender do sucesso da revista mensal.

Com o fim de Filho do Homem, torna-se possível avaliar o arco como um todo. Definitivamente, está longe de ser uma das histórias mais memoráveis de Constantine, mas é eficiente o bastante para prender a atenção do início ao fim.

A ênfase é o humor negro e a escatologia, especialidades de Garth Ennis, e há momentos extremamente aterrorizantes. Mas a impressão geral é de que o autor não estava levando a coisa muito a sério. É como se ele dissesse nas entrelinhas: "É pra rir, meu camarada, não estrague tudo não entendendo a piada".

Com esse espírito, não há como não esboçar um sorriso cínico, bem ao estilo Constantine, ao ler a conclusão da trama, na qual John consegue derrotar o demônio de uma maneira tão inacreditavelmente simples (apenas aproveitando um golpe de sorte), que o leitor mal pode acreditar no que está vendo.

Se for pra levar a sério, esse desfecho será extremamente decepcionante depois do nível de suspense a que a trama chegou. Entretanto, como o lance é o humor negro pura e simplesmente…

De qualquer forma, parece que a versão de Ennis para o mago canalha já deu o que tinha que dar, e é muito bem-vinda a estréia da visão de Warren Ellis para o personagem. Resta saber quando o leitor brasileiro terá oportunidade de conhecer as últimas histórias da fase de Jamie Delano, sem dúvida, o melhor escritor que o título já teve.

Aliás, Delano já havia desenvolvido uma trama sobre o nascimento do messias do inferno num dos primeiros arcos do título, com resultados muito mais interessantes e sérios do que na comédia de Ennis (vide os dois primeiros livros de Hellblazer, publicados pela Brainstore).

O Constantine de Delano é completamente distinto do de Ennis, quase como se fossem personagens diferentes, reflexo das visões de mundo extremamente contrastantes desses dois autores.

E, por mais que as histórias de Ennis sejam bem escritas e interessantes, a profundidade dos textos de Delano alcança ressonâncias muito mais desafiadoras do que o escritor irlandês poderia imaginar.

Ennis, mesmo nos seus melhores momentos no título, raramente ultrapassa as limitações de sua eterna cruzada satírica politicamente incorreta, permanecendo apenas na superfície de temáticas mais contundentes. Delano, ao contrário, costumava ir ao âmago de seus temas, alcançando momentos de extrema beleza e horror, como no arco A máquina do medo, possivelmente o melhor de toda a série.

Infelizmente, Ennis nunca chegou a dedicar a Hellblazer a mesma genialidade que ofereceu a Preacher, sua criação. Algo até compreensível.

De qualquer forma, o arco foi suficientemente interessante para fazer valer a leitura, e fechou o material de Ennis no título (com exceção de algumas histórias saltadas pela Abril), abrindo espaço para coisas novas.

Que venha Warren Ellis e, esperemos, Delano, Paul Jenkins e Brian Azzarello, cada um com sua visão particular e única. Em meio a todas essas versões contrastantes, nosso querido mago canalha só tem a ganhar, assim como o leitor.

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