Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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HEROES - VOLUME 1

1 dezembro 2008

Autores: Monstros - Aron Eli Coleite (texto), Michael Turner, Koi Turnbull (desenhos), Peter Steigerwald, David Moran (arte-final) e Mark Roslan (cores);

A garça - Aron Eli Coleite (texto), Micah Gunnell (desenhos), Mark Roslam (arte-final) e David Moran (cores);

Prova de fogo - Chuck Kim (texto), Marcus To (desenhos), Mark Roslam (arte-final) e David Moran (cores);

Conseqüências - Joe Pokaski (texto), Micah Gunnell (desenhos), Mark Roslam (arte-final) e Peter Steigerwald (cores);

Momento Kodak - Joe Pokaski (texto), Marcus To (desenhos) e Peter Steigerwald (arte-final e cores);

Tempo roubado - Joe Pokaski (texto), Marcus To (desenhos), Mark Roslam (arte-final) e Peter Steigerwald (cores);

Controle - Oliver Grigsby (texto), Micah Gunnell (desenhos), Mark Roslam (arte-final) e Peter Steigerwald (cores);

A primeira visão de Isaac - Aron Eli Coleite (texto), Micah Gunnell (desenhos), Mark Roslam (arte-final) e David Moran (cores);

Do inferno ao éden - Perluigi Cothran (texto), Marcus To (desenhos), Mark Roslam (arte-final) e Peter Steigerwald (cores);

A gata e o rato - Christopher Zatta (texto), Micah Gunnell, Marcus To (desenhos), Mark Roslam (arte-final) e Peter Steigerwald (cores);

Pais e filhas - Andrew Chambliss (texto), Travis Kotzebue, Micah Gunnell (desenhos), Mark Roslam (arte-final), John Starr e David Moran (cores);

Super-heroísmo - Harrison Wilcox (texto), Micah Gunnell (desenhos), Mark Roslam (arte-final), Beth Sotelo e David Moran (cores);

Linha direta - Aron Eli Coleite, Joe Pokaski (texto) , Micah Gunnell (desenhos), Mark Roslam (arte-final), Beth Sotelo e David Moran (cores);

Como deter um homem explosivo? - Jesse Alexander, Aron Eli Coleite (texto), Travis Kotzebue, Jordan Kotzebue (desenhos), Mark Roslam (arte-final) e Beth Sotelo (cores);

Brigão - Chuck Kim (texto), Micah Gunnell (desenhos), Mark Roslam (arte-final), Beth Sotelo e Peter Steigerwald (cores);

A morte pede carona - Joe Pokaski (texto), Jason Badower (arte) e Annete Kwok (cores);

A senda dos justos - Aron Eli Coleite (texto), Staz Johnson (arte) e Chris Sotomayor (cores);

Anjo do inferno - Jesse Alexander (texto), Michael Gaydos (arte) e Edgar Delgado (cores).

Homem de família - Jesse Alexander (texto), Staz Johnson (arte) e Richard Isanove (cores);

Companheiros de guerra - Mark Warshaw, Andrew Chambliss, Perluigi Cothran, DJ Doyle, Timm Keppler, Harrison Wilcox, Oliver Grigsby (texto), Steven Lejeune (arte), Adam Archer (desenhos), Annete Kwok, Edgar (arte-final e cores), Mark Roslam (arte-final), Beth Sotelo e Edgar Delgado (cores);

A teoria das linhas - Joe Pokaski (texto), Staz Johnson (desenhos), Edgar Delgado (cores);

Muralhas - Joe Pokaski (texto), Tom Grummett, Michael Gaydos (arte), Chris Sotomayor e Edgar Delgado (cores);

A morte de Hana Gitelman - Aron Eli Coleite (texto) e Jason Badower (arte e cores).

Preço: R$ 53,00

Número de páginas: 240

Data de lançamento: Maio de 2008

Sinopse: Coletânea de histórias em quadrinhos da série de TV Heroes, publicadas originalmente como episódios complementares na internet.

Positivo/Negativo: Não chega a ser uma novidade, mas, de uns tempos para cá, a cultura pop começou a fragmentar suas narrativas. As grandes histórias deixaram de ser contadas em uma única plataforma - um livro, um gibi, um filme, uma série de TV - para se estender para vários canais.

Não é novo porque, a rigor, o pop recebe bem esse formato múltiplo desde sempre. Já faz décadas, por exemplo, que os Beatles lançaram filmes e desenhos animados como reforço para os discos, tentando contar uma história única. Dá pra ir até mais longe: as tramas dos quadrinhos sempre continuaram na cabeça das crianças, nos bonequinhos e nas fantasias, tanto as vendidas em lojas de brinquedo quanto aquelas armadas com uma toalha velha.

A diferença agora é que o esforço passou a ser maciço, radicalizado e estrategicamente planejado. O movimento é amplo, tem muitos desdobramentos, é completamente multimídia. Há até uma área do Massachusetts Institute of Technology (MIT), o mais notório dos centros de inovação do mundo, dedicada a isso: é o Laboratório de Mídias Comparadas, do pesquisador Henry Jenkins, que dissecou o tema no livro Convergence Culture (inédito no Brasil).

Um exemplo clássico dessa tendência é a série Matrix - que se desenvolveu em três filmes, um videogame convencional, um game de realidade virtual, um punhado de HQs e uma série de animês. Outra narrativa sempre evocada é Lost - que inclui, além da série de TV, os debates na internet e um jogo de realidade alternativa, o ARG Lost Experience.

No meio dessa confusão toda, Heroes surgiu como uma narrativa que, desde o começo, foi pensada para ser posta em pé em vários meios ao mesmo tempo. O eixo principal era a série de TV, mas os primeiros esboços já previam o ARG Heroes 360 e as histórias em quadrinhos publicadas no site e produzidas, eventualmente, com o apoio de grandes nomes do mercado norte-americano.

Não tinha como ser diferente: ao longo das duas temporadas já exibidas, Heroes se mostrou mais do que uma série de super-heróis. É, na verdade, escancaradamente inspirada em X-Men e Watchmen. As referências são constantes - um dos episódios (que aparece neste álbum) é calcado na saga mutante Dias de um Futuro Esquecido. Criar uma HQ a partir de seres superpoderosos inspirados nos gibis era um passo mais que natural.

São justamente esses quadrinhos que compõem o álbum que a Panini pôs nas livrarias e gibiterias.

Pela natureza do projeto, há um atraso monumental no lançamento. A culpa, e isso tem que ficar claro, não é da Panini (embora a editora tenha se complicado por dois ou três meses com a liberação com o licenciante).

As 34 histórias do primeiro volume foram lançadas durante a primeira temporada da série, que se encerrou no primeiro semestre do ano passado. Nos Estados Unidos, foram distribuídas gratuitamente ao longo da temporada pelo site do programa em arquivos PDF - e, mais adiante, compiladas no volume do selo Wildstorm, da DC Comics.

Aqui, onde a seção de downloads do Universal Channel só tem wallpapers, as HQs chegaram oficialmente apenas no formato livro - depois de uma demora de um ano.

Sem o ARG nem a leitura simultânea das HQs, o projeto convergente de Heroes acabou ficando mutilado no Brasil.

Com o álbum da Panini, preferencialmente ao lado de uma caixa de DVDs da primeira temporada, a situação melhora bastante. Mesmo sem o ARG, as HQs têm boas revelações para fazer ao espectador da série, em especial em relação à personagem Hana Gitelman, que não apareceu nos episódios de TV, mas protagonizou o jogo - e teve um papel central nos bastidores da trama.

Escritas por roteiristas da série, as histórias em si estão longe de ter textos incríveis. Há uma bossa aqui, uma sacadinha acolá, às vezes as HQs trazem revelações que empolgam os fãs mais aguerridos. Mas, na prática, estão longe de ser o supra-sumo dos quadrinhos.

Na arte, a situação já começa a ser diferente. Embora boa parte das páginas tenha caído nas mãos de desenhistas de segundo escalão apenas razoáveis, há um punhado de nomes interessantes. Logo no começo, há uma página com arte de Phil Jimenez (Mulher-Maravilha), e mais adiante Michael Gaydos (Demolidor) e Tom Grummett (Thunderbolts) também dão as caras.

Mas o grande astro da antologia é mesmo Tim Sale (Superman - As quatro estações). Parceiro de HQs de Jeph Loeb, um dos produtores da série, ele faz as capas falsas da revista em quadrinhos 9th Wonders, peça central da trama. São belas imagens, que os espectadores do seriado vão reconhecer imediatamente.

A edição nacional segue o original norte-americano à risca, incluindo a entrevista com as roteiristas, a introdução do ator Masi Oka (que vive Hiro Nakamura) e o design que evoca um gibi antigo. A maior alteração está na ausência da sobrecapa, cuja imagem de Alex Ross (Os maiores super-heróis do mundo) passou a decorar a capa dura. Mas a arte da capa do álbum da Wildstorm, feita pelo hitmaker Jim Lee (Grandes Astros - Batman & Robin), está impressa no miolo.

É bem verdade que Heroes é um álbum cheio de altos e baixos. Mas o saldo é mais do que favorável - não só pelas HQs em si, mas pelo projeto como um todo.

Classificação:

4,0

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