HISTÓRIA DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Título: HISTÓRIA DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS (Editora Brasiliense)
- Livro teórico
Autores: Álvaro de Moya
Preço: R$ 42,70
Número de páginas: 208
Data de lançamento: 1993 (2ª edição)
Sinopse: Ensaio sobre a trajetória das histórias em quadrinhos desde seus primórdios até o começo da década de 1990.
Positivo/Negativo: Neste livro, o percurso dos quadrinhos é traçado desde seus antecessores (Töpffer, Busch e Ângelo Agostini) até o inícios dos anos 90, expondo as principais obras e autores.
O trabalho de pesquisa é calcado mais em imagens que em textos, mas também há informações interessantes sobre alguns autores e obras. Um prato cheio pra quem se interessa pelo assunto, mas há de se fazer algumas ressalvas.
A quantidade de obras levantadas até o começo dos anos 60 é significativa. Estão lá os principais e mais conhecidos trabalhos e outros nem tanto, mas que valem a pena serem citados.
Contudo, a partir deste período, o livro se mostra um pouco raso. Considerando que abrange até o começo da década de 1990, não são poucos os autores e obras ausentes. Citando alguns: Art Spiegelman (Maus), Bill Watterson (Calvin e Haroldo), Henfil, Angeli, Laerte, Glauco, Adão Iturrusgarai, a Chiclete com Banana, Julio Shimamoto, Flavio Colin, Neal Adams, Chris Claremont, John Byrne, Joe Kubert, Harvey Pekar, Gilbert Shelton, Albert Uderzo e René Goscinny (Asterix), os quadrinhos de terror em geral, Milo Manara, os títulos Bonelli, Ivo Milazzo, Giancarlo Berardi, a 2000AD, a Zap Comix, a Heavy Metal, a Raw, Daniel Clowes, Gilbert e Jayme Hernandes (Love & Rockets), Dave Sim (Cerebus) e por aí vai.
Mais de uma década de história foi completamente esquecida pela pesquisa: pula de Hagar (1973), de Dik Browne, direto para O Cavaleiro das Trevas (1985), de Frank Miller.
O mesmo acontece com fatos históricos. A perseguição aos comics nos anos 50 e a criação do Comics Code (descrito em detalhes no excelente livro A Guerra dos Gibis, de Gonçalo Júnior) mal são citados. De todo o movimento underground norte-americano, apenas Robert Crumb é mencionado. O inchaço do mercado no começo dos anos 90 e criação da Image em 1992 estão ausentes.
Além disso, muitos autores de grande importância têm seus trabalhos apenas reproduzidos. Não se entra em detalhes sobre a contribuição de mestres fundamentais como: Will Eisner, Jack Kirby, Hugo Pratt, George Herriman, Walt Kelly, Guido Crepax, Moebius, Ziraldo, Mauricio de Sousa entre outros.
Em geral, os autores aprofundados são os de tiras de jornal e a análise de algumas obras também chega a ser bastante redutiva. A arte de David Lloyd em V de Vingança é meramente taxada de "funcional", por exemplo.
Outro ponto negativo: algumas reproduções não ficaram boas, especialmente de trabalhos mais antigos como O Menino Amarelo, Little Nemo in Slumberland e As Cobranças (de Ângelo Agostini).
Algumas dessas imagens eram coloridas e ocupavam uma página inteira de jornal. A reprodução em preto-e-branco de Little Nemo chega a ser um pecado, pois o trabalho de Winsor McCay é um deslumbre sem igual.
Vale lembrar ainda que os quadrinhos em questão são os ocidentais (Estados Unidos, Europa, Brasil e Argentina, com Quino). O único oriental reproduzido é Akira, fora isso, somente Lobo Solitário chega a ser citado.
O autor do livro, Álvaro de Moya, foi um dos pioneiros na área de pesquisa em quadrinhos, não apenas no Brasil, mas no mundo. Em 1951, em pleno período de perseguição aos quadrinhos foi um dos organizadores, em São Paulo, da primeira exposição de HQs do planeta! Fato que relatou em detalhes no livro Anos 50, 50 anos, publicado pela Opera Graphica. Um feito e tanto que merece muita divulgação, pois os gibis estavam longe de serem consideradas como arte pelos críticos da época.
História da História em Quadrinhos é um belo pontapé inicial pra quem deseja conhecer o surgimento das HQs, mas precisa (e merece) ser revisado e ampliado.
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