HISTÓRIAS DO CLUBE DA ESQUINA
Editora: Devir - Edição especial
Autores: Laudo Ferreira (roteiro e desenhos), Omar Viñole (arte-final e cores).
Preço: R$ 19,50
Número de páginas: 48
Data de lançamento: Agosto de 2011
Sinopse
Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e outros artistas que marcaram a história da música no Brasil se encontram ainda jovens, na década de 1960, e começam a interagir, tornando-se grandes amigos.
Motivados pela ebulição cultural do período, eles passam a compor músicas que logo ganham notoriedade e se popularizam, dando início a um movimento cultural sólido e marcante.
Positivo/Negativo
Clube da Esquina é o nome informal dado a um grupo de amigos formado por Milton Nascimento, os irmãos Borges (Marilton, Márcio e Lô), Flávio Venturini, Beto Guedes, Toninho Horta, Tavinho Moura, Vermelho, Fernando Brant e outros, que nos anos 1960 começaram a compor belas canções e logo alcançaram o sucesso.
A história é centrada principalmente na figura de Milton, mas, ainda que ele seja a "cola" que sustenta a linha narrativa, em um bom acerto de abordagem dos criadores, Histórias do Clube da Esquina tem a mesma estrutura de um documentário.
Assim, logo nas primeiras páginas há depoimentos dos artistas mais velhos, com a aparência que têm hoje, falando sobre o passado, o surgimento do Clube e a origem do termo, problemáticas enfrentadas com política e, é claro, Milton Nascimento. Esse recurso narrativo é mantido durante toda a HQ e permite uma leitura fácil, rápida e gostosa.
O leitor confere em poucas páginas como os músicos se conheceram e o que os motivou, os primeiros festivais e gravações, e até a viagem de Milton Nascimento à Amazônia, no final da década de 1980, tudo impregnado de uma nostalgia indisfarçável e um evidente sentimento de admiração que os criadores da HQ têm pelos músicos.
Laudo chegou definitivamente à maturidade de seu traço. Sua obra-prima continua sendo Yeshua, mas nem por isso ele decepciona com a arte beste álbum. O desenho é divertido e caricatural, porém fidedigno, num verdadeiro paradoxo, valorizado pelas cores excelentes de Viñole.
A reconstrução de época que a dupla faz é bastante fiel, no que tange a roupas, veículos e arquitetura; e o roteiro oferece momentos que alternam a relação dos músicos com sua arte, e assuntos sérios como o Golpe de 1964 e os tempos da ditadura, quando as canções eram censuradas.
A edição da Devir é simples, sem extras ou grandes surpresas. Uma pena, pois a editora poderia ter explorado mais esse tema que é tão orgânico à história do nosso país, mesmo sendo essa mais uma obra contemplada com o incentivo fiscal do ProAC - Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo. É uma edição relativamente cara para o pouco que oferece, mas deve agradar em cheio os fãs de música brasileira.
Classificação: