Enganou-se quem imaginava que, depois do pacto místico que promoveu mudanças radicais na vida do Homem-Aranha, a segunda (e controversa) Saga do Clone estava definitivamente fora da nova cronologia oficial do personagem.

Curiosamente, os eventos da saga aconteceram muito depois do ponto em que a cronologia do Homem-Aranha sofreu um restart. No mínimo, Peter Parker não deveria saber que o grotesco Kaine existe e que Ben Reilly sobreviveu depois de ser jogado dentro da chaminé de uma fábrica (nos gibis dos anos 1970).

No entanto, os editores da Marvel deixaram de lado esse "detalhe" quando resolveram fazer a história continuar valendo e trouxeram de volta os clones de Peter Parker para novamente atormentar sua vida.

Este arco é fechado e revela o mistério por trás do suposto crime de Ben Reilly, mas também deixa claro que ele e Kaine voltaram a ter importância na vida do Homem-Aranha e continuarão - talvez por muito tempo - dando as caras nas HQs do "amigão da vizinhança".

Espera-se que não seja necessário outro pacto com Mefisto para desatar os nós que isso, certamente, resultará na ainda mal explicada cronologia renovada do herói.

De qualquer forma, é preciso tirar o chapéu para as três histórias desta edição.

O roteiro muito bem amarrado de Marc Guggenheim evitou chafurdar demais no retcon, atendo-se exclusivamente aos eventos que explicam a razão do desejo de vingança de Damon Ryder, o Raptor, um vilão com poderes de dinossauro.

A trama romântica das edições # 107 e # 108 deu lugar a uma aventura essencialmente dramática, tensa do início ao fim e pontuada por elementos típicos de um thriller psicológico.

Ação, pancadaria e destruição de propriedades particulares também se fazem presentes em doses abundantes nas três HQs.

Mas é claro que, no meio de tudo isso, o Homem-Aranha ainda consegue fazer piadas infames enquanto luta.

Os desenhos dinâmicos e expressivos de Marco Checchetto, Luke Ross e Rick Magyar deram o toque final para a boa qualidade da edição.

Para ler e reler.