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HOMEM-ARANHA # 29

1 dezembro 2004


Autores: O Incrível Homem-Aranha - Fiona Avery e J. Michael Straczynski (argumento), Fiona Avery (roteiro) e John Romita Jr. (desenhos);

O Espetacular Homem-Aranha - Paul Jenkins (roteiro) e Humberto Ramos (desenhos);

Homem-Aranha/Doutor Octopus: Exposição Negativa - Brian K. Vaughan (roteiro) e Staz Johnson (desenhos).

Preço: R$ 6,00

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Maio de 2004

Sinopse: O Incrível Homem-Aranha - Peter Parker resolve ajudar uma aluna com problemas e acaba descobrindo que terá que se envolver mais do que esperava.

O Espetacular Homem-Aranha - Ao mesmo tempo em que Venom retorna à cidade, um serial killer ataca pessoas na noite de Nova York. Caberá ao Homem-Aranha descobrir a ligação entre os dois casos.

Homem-Aranha/Doutor Octopus: Exposição Negativa - Jeffrey Hodjo é um fotógrafo que sempre invejou Peter Parker pelas fotos que o garoto tira do Homem-Aranha. Com o Dr. Octopus prestes a cometer um grande crime, esta será sua grande chance de emplacar seu trabalho na primeira página do Clarim Diário. Ou não?

Positivo/Negativo: Desde que assumiu os roteiros de Amazing Spider-Man, no lugar do enfadonho Howard Mackie, J. Michael Straczynski tem mostrado um jeito bastante pessoal de retratar o Homem-Aranha. Peter Parker largou a fotografia para virar professor, reatou com Mary Jane, deixou a depressão de lado para sofrer com crises existencialistas e contou toda a verdade para a Tia May. Uma série de mudanças ousadas, considerando-se que se tratar do maior herói da Marvel.

Mas será que valeu a pena? Depois de reformulações tão incisivas, será que temos um Aranha melhor ou pior?

Difícil dizer. A resposta dos fãs, com certeza, foi positiva, mas levando-se em conta que o roteirista anterior era Howard Mackie, seria muito difícil achar alguém que votasse em "pior". Mas Straczynski tem, sim, seus méritos. No que diz respeito à vida pessoal de Peter Parker, ele foi categórico: amadureceu os personagens, criou entre eles laços ainda mais fortes e relações verossímeis, injetou personalidade em todos os coadjuvantes (principalmente a Tia May) e conseguiu a proeza de transformar o alter ego do Aranha em um adulto sem lhe tirar a jovialidade.

Até aí, tudo perfeito. Mas quando Parker põe a máscara e sai se balançando, as coisas não correm tão bem. Straczynski parece simplesmente não ter idéias de que coisas novas escrever para o personagem. Por isso, o leitor confere situações clichês, histórias repetitivas e vilões tão novos quanto esdrúxulos (Morlun, Shathra), deixando a clara impressão de que o roteirista aparentemente não consegue encontrar assunto para produzir suas tramas.

A prova maior disso é o novo personagem Ezekiel, um executivo que tem os mesmos poderes de Peter e surge em sua vida para questionar a origem de suas habilidades aracnídeas. Teria o herói nascido mesmo por acidente ou o jovem Parker teria sido escolhido para receber os poderes do Aranha? A resposta, seja ela qual for, não importa. O que vale é que este foi o único argumento encontrado pelo autor para fugir do lugar comum. O resultado, como se poderia prever, não fica lá essas coisas.

O que tudo isso tem a ver com esta edição de Homem-Aranha? Tudo, já que este número é a amostra perfeita de como o trabalho de Straczynski está dividido entre as duas faces do herói aracnídeo, embora o roteiro final, aqui, seja assinado por Fiona Avery. Então, ficamos assim: boas histórias para a identidade secreta, e más para o herói.

O começo do arco em duas partes Conseqüências Inesperadas retrata exatamente isso. Primeiro, o divertido e inventivo Peter Parker interage de forma impagável, por 16 páginas, com a escola na qual trabalha. Depois, surge o Homem-Aranha, que soca alguns bandidos, faz meia dúzia de piadas e sai de cena com uma lição de moral para si mesmo.

Ou seja, toda a magia de ver o herói em seu uniforme azul e vermelho se esvai entre as linhas do roteiro burocrático. Não há aquela excitação de antigamente, quando se esperava ansiosamente que Parker colocasse sua máscara e fosse chutar os traseiros dos vilões.

Agora, tudo se resume a uma reciclagem de idéias desgastadas, que pouco adicionam ao herói. Não é à toa que o alter ego do Aranha hoje tem mais espaço: ele é a única coisa interessante na trama.

Contrastando com a ineficácia do roteiro, os desenhos de John Romita Jr., cheios de estilo, conferem um glamour difícil de encontrar por aí. Com justiça, ele caiu na graça dos fãs e, assim como seu pai, já tem lugar garantido entre os maiores artistas do Aranha de todos os tempos.

Este número de Homem-Aranha traz ainda a estréia de Spectacular Spider-Man, novo título do aracnídeo, que surgiu em 2003 para substituir Peter Parker: Spider-Man. A equipe criativa, sorte do leitor, é a mesma: Paul Jenkins nos roteiros e Humberto Ramos na arte.

Jenkins, sempre competente, cria um Homem-Aranha muito mais leve e divertido do que o de seu colega Straczynski. As piadas não são forçadas, a narrativa não enjoa e o personagem, esteja de uniforme ou não, nunca fica desinteressante. E vale ressaltar que as histórias em questão (são duas nesta edição) tratam de um dos inimigos mais desgastados da galeria do aracnídeo, o Venom.

Com competência invejável, o roteirista alterna seqüências descontraídas
(Peter confraternizando com seus vizinhos) e dramáticas (Eddie Brock à
mercê do traje alienígena), sem nunca empobrecer a narrativa. A história
flui tão naturalmente que é possível ler as 50 páginas em questão de minutos,
e ainda ficar ansioso pela próxima
edição
.

O estilo cartunesco de Humberto Ramos, ao contrário do que se poderia pensar, não prejudica a história em momento algum. Apenas a enriquece, provando que os desenhistas "anticonvencionais" que proliferaram na Marvel durante a administração Joe Quesada podem, sim, emplacar seu trabalho em títulos tradicionais.

Quem duvida deve prestar atenção no primeiro encontro entre o Aranha e Venom (páginas 43 a 54), no qual roteiro e arte combinam perfeitamente; e na seqüência em que Eddie Brock é perturbado pelo simbionte (59 e 60). Um belíssimo jogo de ângulos, complementado com um bom uso de tons escuros.

Por fim, há Exposição Negativa, minissérie com cheiro de caça-níquel, lançada sob o pretexto de reformular o Dr. Octopus. Ou seja, nada que o leitor já não tenha visto antes.

O roteiro de Brian K. Vaughan é até competente, mas não tem sustância, não instiga o leitor a continuar acompanhando a série. Afinal, trata-se basicamente do vilão arranjando encrenca, sendo detido pelo Homem-Aranha e indo parar na prisão, onde, claro, vai arquitetar sua vingança. Quem não sabe como isso vai acabar?

O desenhista Staz Johnson tem uma boa noção de arte seqüencial e utiliza as cores de uma forma atrativa. Mas não vai além disso. Resumindo: a primeira parte da minissérie não passa do "feijão-com-arroz". Agora, é esperar para ver como a história se desenvolve nas próximas edições.

Classificação:

4,0

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