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HOMEM-ARANHA # 31

1 dezembro 2004


Autores: O Espetacular Homem-Aranha - Paul Jenkins (roteiro) e Humberto Ramos (desenhos);

Venom -Daniel Way (roteiro) e Paco Medina (desenhos);

Homem-Aranha/Dr. Octopus: Exposição Negativa - Brian K. Vaughan (roteiro) e Staz Johnson (desenhos).

Preço: R$ 6,50

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Julho de 2004

Sinopse: O Espetacular Homem-Aranha - O simbionte alienígena quer o Homem-Aranha como hospedeiro a todo custo. E em um emocionante encontro com Eddie Brock, Peter Parker vai finalmente descobrir por quê. Participação especial do Quarteto Fantástico.

Venom - A criatura conhecida como Venom continua à solta, mas agora terá em seu caminho o mais feroz dos X-Men: Wolverine.

Homem-Aranha/Dr. Octopus: Exposição Negativa - Jeffrey Hodjo começa a desenvolver uma estranha amizade com o Dr. Octopus. Obcecado pela primeira página, o fotógrafo mal imagina que essa relação vai muito além de um desgosto mútuo em relação a Peter Parker.

Positivo/Negativo: Cheia de eventos inesperados e criando várias
expectativas, esta revista do Homem-Aranha está tão boa quanto a última.
Mas, desta vez, para o desgosto de muitos fãs, sem contar com O Incrível
Homem-Aranha
, de J. M. Straczynski, que dá lugar à parte final da
saga Fome Voraz, em O Espetacular Homem-Aranha.

Após construir uma trama divertida e competente nas últimas edições, Paul Jenkins carrega um pouco mais no drama para mostrar o real propósito da aventura: incrementar a mitologia do Venom e deixar ganchos para futuros retornos do personagem. Uma missão ingrata, mas bem cumprida pelo roteirista, que consegue elucidar vários pontos obscuros da história do simbionte, sem deixar que o texto perca a energia mostrada nas partes anteriores.

Em suma, o que se vê é um roteiro bem encadeado, sem situações forçadas ou passagens cansativas. As explicações da obsessão de Venom pelo Aranha - feitas com uma ótima participação especial do Quarteto Fantástico - são bastante críveis e não exigem um grande conhecimento prévio dos encontros anteriores entre os personagens.

Ao mesmo tempo, servem de base para os tais "ganchos" que, cedo ou tarde, com certeza trarão o personagem de volta à galeria de vilões mais usados nas histórias do aracnídeo.

Por isso, Fome Voraz é muito mais que uma simples história. Levando-se em conta que este é o primeiro arco do novo título do herói, fica óbvia a intenção da Marvel de atrair novos leitores por meio da eliminação do elemento que mais dispersa leitores no mercado mainstream: a cronologia.

Com todas as arestas aparadas pelo roteiro de Jenkins, a mitologia do Venom fica limpa e quase totalmente independente de eventos passados, tornando o personagem acessível a novos leitores.

De quebra, o principal "gancho" da trama, apresentado na página 44, não apenas serve como estímulo para que os iniciantes continuem comprando a revista, mas também como atrativo para fãs que não viam mais graça no vilão. Uma combinação perfeita para um título novo de um personagem tradicional, especialmente agora que as versões cinematográficas tornaram o Homem-Aranha um herói pop novamente.

A arte de Humberto Ramos, se já estava boa nas outras edições, aqui fica fenomenal. O ótimo jogo de sombras torna empolgantes desde as cenas mais calmas, como a cômica passagem de Peter pelo Edifício Baxter (páginas 11 a 18), até as mais agitadas, como a luta final entre o Homem-Aranha e o traje alienígena (páginas 39 a 50).

Outro aspecto importante é a bem conduzida idéia do ilustrador de retratar as feições do herói, mesmo quando ele está usando máscara - algo que não existe no trabalho de John Romita Jr., por exemplo.

O Aranha arregala os olhos, franze as sobrancelhas, faz expressões variadas (sarcasmo, espanto, determinação), tudo com o rosto devidamente coberto. E o resultado é ótimo. Uma liberdade que poucos artistas se arriscariam a tomar.

Há de se destacar também o bom trabalho do arte-finalista Wayne Faucher e a colorização do Studio F, responsável pelas belas combinações de tons nas retratações das lembranças de Eddie Brock (páginas 16, 19 e 20).

Na segunda parte do arco, Venom continua com o mesmo estilo rápido e enxuto com o qual se originou. E se no último número a história já apresentava um lado cinematográfico, neste se passa em um mesmo local, não há "saltos" no tempo e as figuras falam mais que o texto.

Ou seja, a aventura é como uma "cena" que compõe o "filme", junto com as outras partes da saga. A própria diagramação das páginas é produzida com a idéia de dar dinamismo à história - existem menos quadrinhos, mas os desenhos são maiores. De novo, três minutos são mais que suficientes para ler a HQ.

O roteiro de Daniel Way se propõe a ser o mais despretensioso possível. Existe uma certa influência simplesmente inegável daqueles filmes de aventura trash freqüentadores das sessões da tarde. E isso se reflete nos "atores" criados pelo autor.

O que se vê é uma mistura de personagens (a Oficial Robertson, o Homem-de-Preto, as agentes gêmeas, o próprio Venom) inusitados e, na mesma medida, involuntariamente cômicos, que aparentam ser tão planos quanto o papel em que estão impressos.

Prova disso é a conveniente presença de Wolverine, o rei do quebra-quebra gratuito, para um divertidíssimo (e, claro, desnecessário, mas isso não é importante) confronto com o simbionte alienígena. Não seria de admirar se Roger Corman estivesse nos créditos.

Com a arte de Paco Medina perfeitamente adaptada aos devaneios do roteiro, as histórias do Venom se consolidam como as que menos se levam a sério no Universo Marvel. Nada mau para um personagem que, mesmo sendo carismático e cheio de potencial, perde muito de sua força sem seu antagonista clássico.

O título acaba mantendo uma embalagem séria (o primeiro arco chegou a ser anunciado como uma homenagem ao clássico O Enigma de Outro Mundo, de John Carpenter), mas por dentro se mantém como diversão pura e desmedida. Melhor para Way, que soube enxergar as limitações do personagem e preferiu não tentar ir além do que ele poderia oferecer.

Homem-Aranha/Dr. Octopus: Exposição Negativa completa a revista com uma trama que vem melhorando a cada edição. Após começar sem muito alarde e passar por uma segunda história com sensíveis melhoras, a trama atinge sua terceira parte mostrando que, mesmo sendo considerada um caça-níqueis, pode ter seu valor.

O roteiro de Brian K. Vaughan continua correto, a arte de Staz Johnson é bonita e a trama corre de forma cativante. E é isso. Nada medíocre, nada excepcional, nada revolucionário. Apenas uma boa história sendo contada.

Depois da terrível revista Webspinners (que contava com Mystério como vilão, presente nesta edição de Exposição Negativa) e da malfadada minissérie Qualidade de Vida fazerem parte do mix, já estava na hora dos leitores do Panini ganharem uma aventura do Aranha que estivesse mais carregada de boas intenções do que de qualquer outra coisa. E não é que essa pequena saga cumpre muito bem esse papel?

Há de se questionar, porém, a escolha da editora pela ilustração de Tony Harris para a capa deste mês, sendo que todas as outras do mix da edição (especialmente a de O Espetacular Homem-Aranha) estavam mais bonitas. Será influência da estréia de Homem-Aranha 2?

Esta edição de Homem-Aranha deixa o leitor cheio de expectativas para o próximo número.

Classificação:

4,0

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